sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Maresia de Janeiro



Ou "marzïa". Para saber mais, só indo ao Teatro Municipal de Almada a partir de 11 de Janeiro.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um ano de "Fome"



Somando e seguindo na atenção despertada em alguma crítica, FOME de Elise Blackwell volta a estar numa lista dos "melhores" de 2010. Desta feita, trata-se da lista de 1o títulos elaborada por Nuno Galopim no blogue Sound+Vision, que partilha com João Lopes.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A nossa mensagem de Natal e Ano Novo, trazida pelo Sr. Eric Losfeld


Face ao belo ano que se anuncia, fazemos nossos o gesto e parte das palavras do Sr. Losfeld (endividados ainda não, graças aos santinhos). O manguito sempre foi a nossa resposta instintiva à crise (a tudo, no fundo), e, pela amostra desta capa da autobiografia do editor "marginal" par excellence, terá sido também cultivado em França (e na Bélgica, terra natal do "pai" de Barbarella ). E este é quase tão bom como o mais famoso manguito português do século XX (note-se apenas a diferente técnica no uso do braço esquerdo). Aguentem-se que a coisa está dura. E vemo-nos em 2011.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Em boa companhia



Ahab (através de Andrew Howard), Tinta da China (através de Vera Tavares) e o incontornável Vítor Silva Tavares. Se o Gonçalo Mira achou que devíamos estar ao lado desta excelsa companhia, só a ele devem ser assacadas responsabilidades pelo seu artigo "Pode-se julgar um livro pela capa" (p. 18) no "Ípsilon" (Público) de hoje. Pela nossa parte, tentou-se, literal e figurativamente, "ficar bem na fotografia" e não desmerecer tamanha honra. (Ler o artigo aqui).

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

The tip of the tongue, taking a trip in three steps

Só em Portugal: a editora do Lolita de Nabokov é agora gerida por um especialista do "sector" de literatura... infanto-juvenil. Humbert Humbert deve estar a rir às gargalhadas no túmulo ficcional. Para ler e espantar aqui.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"Num tempo cinzento, um abraço azul"



Vindo de Rodrigo Francisco, um dos responsáveis pela Companhia de Teatro de Almada, aqui reproduzimos este apelo:

"No Sábado, 11 de Dezembro, às 16h00, a população de Almada, o Clube de Amigos do TMA, e muitos artistas e intelectuais que admiram a actividade desenvolvida pelo Teatro Municipal de Almada vão manifestar publicamente o seu repúdio pelo corte no financiamento por parte do Ministério da Cultura, que vai afectar este verdadeiro Centro Cultural que se tornou não só num emblema de Almada, mas também num ponto de referência nacional e internacional.
Os manifestantes – que deverão trazer uma qualquer peça de vestuário de cor azul – vão, nestes tempos cinzentos, dar um Abraço Azul ao Teatro Azul.
O director do TMA, Encenador Joaquim Benite, e outros oradores farão intervenções públicas sobre a situação que se vive. Os actores interpretarão canções da peça A Mãe, de Brecht, um dos grandes êxitos recentes da Companhia Teatro de Almada. Fernando Tordo solidariza-se com a Manifestação, fechando a sessão com um concerto especialmente preparado.
De todo o País e de vários pontos do Globo estão a receber-se mensagens de protesto, de apoio e de estímulo.
Apelamos a que todos apelem à mobilização para este acto de protesto e de defesa. Com a força do vosso apoio estamos certos de que o TMA e a cidade de Almada sairão fortalecidos desta crise."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A manchete mais estúpida do ano

Uma das mais estúpidas manchetes do ano (e o nível de estupidez na informação começa a atingir o vermelho na escala de Orwell) foi sem dúvida esta da Folha de S. Paulo: "Livros eletrônicos reduzem estigmas da leitura solitária" (na verdade, uma tradução de um artigo escrito por Austin Considine e publicado no New York Times em 20 de Agosto, prova – mais uma – da morte lenta desse jornal). A perplexidade atinge-nos de vários lados ao lermos isto, e o lado pelo qual vemos uma clara campanha de promoção dos gadgets de leitura de ebooks não é despiciendo (a foto que ilustra o artigo no site do NYT tem uma modelo a mostrar um ipad, ou seja, uma redundância). Chegamos, pois (ou regredimos), ao ponto da história da civilização em que ter um livro "tradicional" na mão equivale a confessarmos um vício na masturbação compulsiva ou na troca de seringas de heroína, estigmas que apenas a leitura de um livro "electrónico" parece reduzir ou até eliminar. (Sinal do apocalipse: no site de uma editora portuguesa promete-se enviar os livros por correio em "embalagem discreta"...)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

FOME é um dos melhores do ano



FOME de Elise Blackwell é um dos livros na selecção dos melhores do ano que a revista LER publica na sua edição de Dezembro. Temos de notar que já em 2009 a LER tinha considerado BURACOS NEGROS de Lázaro Covadlo um dos livros do ano.

domingo, 14 de novembro de 2010

Apresentação no Fórum Fantástico: o filme

Luís Rodrigues, com a firmeza e o estatismo dignos de um operador de câmara de Manoel de Oliveira, filmou a nossa apresentação de A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS' no Fórum Fantástico.







sábado, 13 de novembro de 2010

Apresentação no Fórum Fantástico





Duas imagens da apresentação, ontem às 18:30 horas, do livro A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS' de Maria do Rosário Monteiro (que se pode ver à esquerda).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Teaser



A ideia é ter este filme em loop amanhã durante a apresentação do livro A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS'. Quem não puder aparecer, fica aqui com algo do que se poderá ver lá pelo Fórum Fantástico ao fim da tarde.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tolkeniana

A longa vida da pulga


O fantasma da pulga de William Blake continua a sua longa vida. Depois da sua aparição na capa de CRIATURAS DA NOITE de Lázaro Covadlo em 2007, ele regressou este ano, e, para além de espreitar no cartaz do Fórum Fantástico de Lisboa, atravessou o Atlântico para cair na capa da primeira edição argentina do texto de Covadlo, pela Libros del Naufrago do simpático editor Juan Ignacio Quijano. Note-se que se tratou de uma sugestão do autor, e não de um uso abusivo da nossa imagem. E, se nos perdoam a imodéstia, certamente um caso único em que uma capa de uma edição de um livro noutro país se impõe à primeira edição desse livro na pátria do autor. E, ainda mais imodestos, diremos que, tratando-se da Argentina, os nossos prazer e honra são redobrados.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Divulguem



É já na Sexta-feira, dia 12, pelas 18:30 na Biblioteca de Telheiras (Fórum Fantástico 2010).

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A simbólica do espaço em
"O Senhor dos Anéis"



A Simbólica do Espaço em 'O Senhor dos Anéis' de J.R.R. Tolkien, da autoria de Maria do Rosário Monteiro, é o primeiro ensaio sobre a obra de Tolkien publicado em Portugal. Será lançado em Novembro no Fórum Fantástico, em Lisboa. Pode ler e folhear as primeiras 20 páginas aqui.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Pequeno mas precioso"

Desta feita, as palavras sobre FOME de Elise Blackwell são de Rui Bebiano, no seu blogue A Terceira Noite:

"Fome pode, portanto, ser lido como estranha homenagem de uma americana nascida em 1964 em Austin, Texas, a um punhado de autênticos heróis soviéticos dos tempos de resistência ao nazismo e ao estalinismo. E evoca, assumindo-se embora como «relato ficcional desse tempo e lugar», um triste e extremo exemplo da perversão sempre inerente ao casamento da «ciência certa» com o poder absoluto."

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mantém-se

Pelas razões apontadas aqui, aqui e aqui, continuamos com pouca vontade de concorrer ao Prémio LER/Booktailors, pelo que, pelo segundo ano consecutivo, não o faremos. Ainda que a "estranha" presença do director da Quetzal à cabeça do júri tenha sido corrigida (e acrescentados outros nomes, um dos quais mal mencionado no regulamento: "Fernando Guedes" em vez de Francisco Guedes), o que atrás se escreveu sobre o que achamos do Prémio mantém-se.
(PM)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Uma pequena obra maior"


Pode parecer um paradoxo, mas o texto de José Guardado Moreira na última LER, pág. 55 (Setembro) é bem claro quanto à qualidade de FOME de Elise Blackwell. Clique para ler na íntegra.

sábado, 4 de setembro de 2010

Press clipping



Referências na imprensa a FOME de Elise Blackwell: "Actual" (Expresso, 14.08.10), Os Meus Livros (Setembro 2010) e Jornal de Letras (25.08.2010). Clicar para ler e ver com detalhe.

"Um pequeno livro de leitura tão saborosa..."

Palavras de Nuno Galopim sobre FOME de Elise Blackwell. Texto completo para ler aqui (publicado previamente a 21 de Agosto no DN Gente).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um Covadlo vale outro

Promoção Lázaro Covadlo: na compra de um dos livros de Lázaro Covadlo, oferecemos o outro. Quem comprar um BURACOS NEGROS, leva um CRIATURAS DA NOITE. E vice versa. Apenas e só em compras através do nosso site ou blogue. (Válido até finais de Setembro).

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Entrevista a Elise Blackwell



Eis uma entrevista a Elise Blackwell, autora de FOME.

Quando é que surgiu a ideia de escrever FOME?
Depois de fazer uma pós-graduação dei por mim a viver numa propriedade perto da fronteira mexicana, entre San Diego e Tijuana. Ajudei a tratar das árvores de frutos que já estavam plantadas e ajudei também a plantar vegetais e outras plantas. Juntei-me ao Seed Savers Exchange, que é um grupo de agricultores e jardineiros de todo o mundo que trocam sementes raras e antigas. Foi numa das suas publicações que descobri a história do que se tinha passado no Instituto Vavilov durante a II Guerra Mundial. Havia uma foto do herbário do Instituto, com armários de madeira e filas de gavetas estreitas. Lembrava-me as salas onde passei grande parte da minha infância. Mas o que me causou grande impressão foi a foto de Vavilov tirada na prisão. Quando a vi soube que iria escrever um livro sobre o seu trabalho.



O facto de ambos os seus pais serem botânicos foi importante na escolha da história?
Talvez mais do que eu queira admitir, mas teve, pelo menos, alguma importância. Embora não conhecesse a história dos cientistas que tinham morrido para proteger o seu trabalho, tinha sabido de Nikolai Vavilov pelos meus pais. E, por causa deles, também conheci outros biólogos e assisti às suas reuniões. O meu conhecimento do tipo de trabalho que eles fazem ajudou muito, estou certa, sobretudo porque estava a escrever sobre um local tão longínquo.

O narrador sem nome é um personagem muito frio, clinicamente objectivo, quase destituído de paixão dir-se-ia. É também um mulherengo e, quando a situação se torna difícil, não tem quaisquer problemas em fazer o que os seus colegas e a sua mulher prometeram não fazer. Para uma mulher estreante na ficção, foi um grande desafio escrever uma personagem assim?
Vou contar um segredo: Fome não foi a primeira novela ou romance que escrevi, apenas a primeira que foi publicada. Ainda assim, sei que há uma tendência, mesmo em romancistas que já publicaram um primeiro livro, de se basearem em material autobiográfico, mas aqui estava eu a pegar num narrador tão distante da minha própria identidade e experiência de vida quanto possível. Ainda que não me considere fria nem tenha uma mentalidade “clínica”, acabei por desenvolver uma espécie de simpatia por ele, em parte graças a ligações que me obriguei a fazer. (Por exemplo, a sua fruta favorita é a minha também: a manga). Também acabei por admirar o seu desejo de experimentar. Pode ter uma mentalidade clínica mas tem uma paixão pela vida, o que no seu caso, claro, inclui comida e mulheres. Num outro tempo e num outro lugar, talvez tivesse provado ser alguém mais honrado, mas a sua coragem é apenas física e não moral ou psíquica.

As duas mulheres na vida do cientista, Alena e Lídia, são muito diferentes uma da outra, quase opostas. Será que poderíamos considerá-las como espelhos para os dois lados dessa personagem, o homem racional com Alena e o homem de apetites com Lídia?
Não decidi, de forma consciente, escrevê-las assim, mas acho que poderia concordar com essa análise. E, na verdade, esses dois lados existem em todos nós. Vejo Alena – pelo menos a versão dela que é idealizada pelo narrador – como a pessoa que ele gostaria de ser. É totalmente racional, e nunca tem qualquer dúvida sobre se irá ou não fazer o que está certo. (Acho realmente que a idealização que o narrador faz de Alena e do seu sacrifício o impede de dar valor às emoções dela, em particular no episódio da criança, a Albertine). A Lídia é a pessoa que ele receia bem ser: uma sensualista egocêntrica. Tal como o narrador, ela raramente se nega o que deseja e é também uma espécie de coleccionadora, quer seja de plantas ou de homens. No fim, ele descobre que pode também tê-la subestimado um pouco.

Com a ameaça de demolição da estação experimental de Pavlovsk, que poria um fim à colecção de sementes de Vavilov, acha que a Leninegrado de 1942-43 está já no processo de se transformar numa outra Babilónia, num outro nome do passado, belo mas sem sentido (tal como Paul Valéry escreve no poema que usou como epígrafe do livro)?
Ainda tenho alguma esperança no que toca à estação de Pavlovsk, agora que o presidente Medvedev prometeu uma investigação. Mesmo que o bulldozer arrase Pavlovsk – por muito horrível que isso possa parecer – não se trata de toda a colecção Vavilov. Um sinal promissor é que Vavilov é ainda um herói para muitos russos. O seu nome e o seu trabalho ainda fazem sentido, ainda mexem com as emoções. Por isso, talvez ainda não Babilónia, mas essa palavra, “Babilónia”, serve para nos lembrarmos que civilizações inteiras, apesar de ricas e complexas, podem ser obliteradas. Há muito bom trabalho a ser feito no campo da defesa das sementes, e o Silo de Svalbard na Noruega alberga agora meio milhão de sementes, mas muito do que se vê a ser feito na agricultura por todo o mundo sugere que a nossa civilização não planeia estar cá para sempre. Mas paro aí, porque sou uma romancista e não uma cientista ou uma futurologista.

© Livros de Areia Editores, 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

"O jardim suspenso de Leninegrado"



Assim se entitula o texto de José Mário Silva na edição da Actual (EXPRESSO) de hoje (pp. 36-37), no qual o crítico não se coíbe de considerar FOME de Elise Blackwell como uma "belíssima novela, de construção narrativa quase perfeita". O livro merece cinco estrelas e uma chamada na capa para a sua autora.
Lembramos que a colecção de sementes de Nikolai Vavilov, que está no centro dramático da novela, está em risco de ser destruída por estes dias.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sementes e patos bravos

Um dos elementos centrais da narrativa de FOME de Elise Blackwell, a enorme colecção de sementes começada em 1926 pelo botânico Nikolai Vavilov (morto numa prisão estalinista em 1943) e albergada que no que viria a ser chamado Instituto Vavilov em Leninegrado (agora São Petersburgo), corre risco de extinção. O que os Nazis, a inclemência do clima russo e os orçamentos reduzidos não conseguiram ao longo de décadas, o camartelo da "Nova Rússia" está prestes a fazer, com a destruição iminente da estação experimental de Pavlovsk, onde se acolhe agora a colecção de sementes. As mesmas que umas dezenas de cientistas prometeram proteger da sua própria fome e da dos outros, e que parecem não ter qualquer valor para os novos patos bravos russos. Para ler aqui e aqui.
Addendum: Elise Blackwell foi convidada pela revista Atlantic a escrever um texto sobre esta situação, que pode ser lido aqui.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Franco Deterioro

Após duas tentativas falhadas, Eduardo Galeano consegue, à terceira, anexar o ficheiro pretendido a um email. Eis a sua brilhante justificação para o erro:

"nuevamente perdón.
no es culpa del alemán, el tal alzheimer, ni del inglés, ése parkinson, sino del italiano, il dottore franco deterioro.
abrazos,
eduardo"

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Três editores com eles (os livros) no sítio


Três recomendações a quem achar que o Verão é uma boa altura para ir ao baú procurar livros mais ou menos raros a preço aceitável. No caso, livros sobre editores. Mais rigorosamente, uma revista e dois livros que evocam as carreiras de três editores franceses dos anos 50 e 60 do século passado, que, juntos, devem ter somado o maior número de acusações e casos célebres em tribunais franceses em dois séculos, e cujos catálogos reunidos são a pedra de toque de uma certa ideia de editar "à margem" com qualidade.
Do fundo do baú chega o número 4 da revista Olympia (1963), publicada no auge da actividade da editora do mesmo nome dirigida por Maurice Girodias. Para quem conhece os livros da Olympia e a sua aversão "estratégica" à imagem (já tinham problemas que chegassem com os textos publicados...), a revista é uma bela surpresa em termos gráficos, a começar pela excelente capa. Publicada integralmente em inglês, tal como todos os livros da Olympia Press, este número contém longos excertos de obras publicadas pela editora, com destaque para o excerto de The ticket that exploded de William Burroughs, autor descoberto por Girodias, poucos anos depois de lançar Lolita de Nabokov. (Sobre este editor e a sua Olympia, ir aqui).
Também não muito fácil de encontrar mas de preço acessível é La legende du Terrain Vague, publicada por Le Dernier Terrain Vague em 1977. Eric Losfeld tinha lançado nesse ano a sua autobiografia, apropriadamente entitulada Endetté comme une mule, livro hoje muito difícil de encontrar, mas este volume serve como introdução à actividade de um dos mais incómodos editores da década de 1960, frequentador assíduo dos tribunais, que acabaram por levá-lo à ruína. Faltando-lhe a "voz" de Losfeld, que morreria dois anos depois, e minado por uma excessiva profusão de depoimentos de valor variável, o livro é, ainda assim, testemunha de uma carreira notável na produção de livros, em que a qualidade visual estava ao mesmo nível dos textos, quando não se lhes sobrepunha muitas vezes, uma marca das edições do Terrain Vague e depois das que ostentavam o nome do próprio editor ao longo dos anos e efeito da sua longa convivência com os surrealistas.
Mais acessível, e de uma importância vital para se conhecer o mundo da edição em França no pós-Guerra, é La traversée du livre (2004, ed. Viviane Hamy), a autobiografia de Jean-Jacques Pauvert, o homem cujas edições d' A História de O e do Marquês de Sade fizeram dele o "inimigo público número um" para os tribunais franceses durante uns anos. Repleto de informações técnicas preciosas, de excertos de documentos, de "retratos" notáveis de escritores e artistas (e de outros editores, nomeadamente Girodias e Losfeld, com retratos implacáveis e inesquecíveis) e muito bem ilustrado, este é um livro modelo para quem quer aprender com a vida e a experiência de um editor. A marca de "sobrevivente" de que Pauvert é um símbolo (sobretudo se comparado com esses gloriosos "perdedores" que foram Losfeld e Girodias) é um dos valores acrescidos a este texto.

Da concorrência "desleal" (ainda)

Um post aqui colocado há dias atraiu um comentário que referia a "concorrência desleal" entre editoras, algo a despropósito do teor do referido post, que se limitava a apontar situações em que jornalistas ou críticos literários são, também, editores ou colaboradores regulares de editoras. O caso não era o de esses críticos escreverem sobre os livros das editoras aos quais estão ligados (como o enérgico comentador dava a entender), mas simplesmente de que se torna estranho para um editor enviar livros de amostra para uma pessoa que é, também ele ou ela, e a tempo parcial ou não tão parcial, um editor, logo, objectivamente um "concorrente".

Mas esse comentário "enxofrado" (para usar a terminologia praticada), trazendo a lume a "deslealdade", fez-me lembrar uma conversa que tive com um editor há uns 2 anos. Falando sobre o estado do "mercado", esse editor foi claro e duro na sua intenção de "subtileza": a solução para os males do dito mercado passaria pelo fecho de algumas editoras, sobretudo das pequenas e médias. A subtileza terá, como o proverbial verniz, estalado quando, ao dizê-lo, o seu olhar se cruzou com o meu, procurando quiçá uma anuência entusiástica ou, quando muito, um silêncio embaraçado. Devolvi-lhe um sorriso, o que não deve ter sido propriamente a resposta esperada.

Pois acontece que vim a descobrir que esse editor estava em situação, digamos, "precária" no que à Segurança Social diz respeito: do seu ÚNICO empregado nos quadros da empresa não eram pagas as devidas mensalidades há mais de 3 anos. Era, pois, uma empresa em clara situação de ilegalidade face a outras que optam por cumprir estritamente as suas obrigações fiscais, não sendo, contudo, e certamente, um caso raro ou único. A minha limitada concordância com as suas palavras nessa conversa prendia-se então com a forma da sua solução, o fecho de algumas editoras, mas divergia claramente no método de "selecção": eu achava, e continuo a achar, cada vez mais, que são as editoras que gastam fortunas em marketing, em obtenção de direitos de publicação, em impressão (abusando muitas vezes de um crédito que leva gráficas atrás de gráficas ao fecho), que pagam dois ou três stands na Feira do Livro mas que, apesar de anos de falta nas declarações às Finanças ou à Segurança Social, se livram de queixas à Inspecção Geral do Trabalho por parte dos seus empregados porque a dependência de um salário e uma ligação afectiva às empresas os impede, de facto, de pôr um termo a essas ilegalidades, que são essas editoras, repito, que deviam fechar ou terem a sua actividade suspensa até regularização da sua situação contributiva.

O facto de "ninguém ligar a isto", como escreveu o nosso expedito comentador, não deixa de fazer "disto" o verdadeiro cerne da questão da "concorrência".
(Pedro Marques)

sábado, 31 de julho de 2010

Memórias de Leninegrado no "Inverno da Fome"











FOME de Elise Blackwell, com tradução de Safaa Dib. Pode ler aqui um excerto. Lembramos que o PressKit contém uma amostra de algumas páginas da nossa edição

sexta-feira, 30 de julho de 2010

When the war came



Elise Blackwell escreveu FOME, uma novela sobre o dilema de um brilhante botânico russo do Instituto Vavilov em Leninegrado, durante o cerco de 900 dias pela tropas de Hitler: salvar a sua honra e a do instituto e fazer o que a sua mulher e os seus colegas decidiram (não comer as sementes armazenadas),... ou salvar-se a ele mesmo.

Os Decemberists usaram a novela como mote para comporem "When the War Came", publicada no álbum The Crane Wife (2006). Eis a letra:

With all the grain of Babylon
To cultivate to make us strong
And hidden here behind the walls
Are shoulders wide and timber on
'Til the war came
'Til the war came

A terrible autonomy
Is grafted onto you and me
Our trust put in the government
They told their lies are heaven sent
'Til the war came
'Til the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

We made our oath to Vavilov
We'd not betray the Solanum
The acres of asteraceae
To our own pangs of starvation
When the war came
When the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

With all the grain of Babylon

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Sei que a redenção, se possível, é irrelevante"



Leninegrado, 1942. O cerco das tropas de Hitler vai obrigar os homens e as mulheres da cidade a compromissos e sacrifícios para além dos limites do admissível. No Instituto Botânico, Alena e outros cientistas juram protecção às sementes raras, mesmo na iminência da grande fome. Mas o marido de Alena, o nosso cuidadoso narrador, não está tão seguro assim... E quem consegue responder com segurança à pergunta: o amor e a honra podem mais do que a fome?

Escrito num estilo seco mas pleno de atenção aos detalhes psicológicos, FOME de Elise Blackwell propõe-nos uma história de um momento dramático na vida de pessoas corajosas e estóicas contada por alguém que não soube sê-lo. Ou melhor, por alguém a quem a guerra permitiu ver a natureza implacável da existência humana, e que decidiu agir em consonância:

"Mesmo agora, em dias frios, quando o meu estômago rosna, digo a mim próprio que ganhei direito à minha sobrevivên- cia. Mas em noites quentes, quando acordo encharcado em suor, sei que a redenção, se possível, é irrelevante. Um homem é governado por apetite e remorso, e eu engoli o que pude."


Fome foi elogiado por J.M. Coetzee, o Prémio Nobel da Literatura, pela sua originalidade.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O alívio que é...

... ainda poder enviar livros para jornalistas e/ou críticos que não são, também, editores, coordenadores de colecções, "colaboradores" ou assalariados de editoras ou grupos editoriais. Concorrência, enfim. E há outro alívio: são já tão poucos que o todo o processo de enviar livros sai baratíssimo.

sábado, 17 de julho de 2010

Fome: um excerto



Eis um excerto de FOME de Elise Blackwell, que se encontra disponível em PDF no Press-Kit deste título. O livro está já à venda nas livrarias, além de nosso blogue e site.

"Os voluntários de opolchenia, incluindo a minha Alena mas não eu próprio, debandavam como ratos. Apareceram abrigos, e trincheiras. Mulheres jovens perfuravam as peles enrolando arame farpado em torno de obstáculos que impediam os tanques de penetrar na cidade. Todos esperámos pelo ataque e preparámo-nos para defender a nossa cidade quarteirão a quarteirão, edifício a edifício, mão a mão.

Mas os tanques nunca entraram. Pararam nos limites da cidade, e quão mais simples tudo teria sido se tivessem continuado.


Em inícios de Setembro, as primeiras bombas de Hitler desceram – graciosas, e diria até hesitantes, vindas do alto. Os aviões Junker subiam e desciam, subiam e desciam,
deixando para trás depósitos de bombas incendiárias tão semelhantes a silte letal. Quando atingiram os armazéns Badayev, as filas estreitas de edifícios de madeira arderam rápido, e as gorduras armazenadas nas suas provisões emitiam um calor vermelho, tornando o céu incandescente e enchendo o ar como cozinha de Verão.

Aquilo que não ardeu foram uns poucos milhares de toneladas de açúcar, que acabaram por se derreter através das tábuas de madeira do chão para sobreviver, moldados
e marcados pelas caves, como caramelo. Este caramelo era partido em pedaços valiosos e vendido por dinheiro e sexo nos meses que se seguiram. Mas muito mais iria circular e ser pago como comida. [...]

O aquecimento acabou em finais de Setembro, e todos os canos de Leninegrado congelaram. Até à chegada da neve, tínhamos apenas para lavagem a água lamacenta do
Neva, transportada à mão em baldes."

terça-feira, 13 de julho de 2010

El Mundial 2010, por Eduardo Galeano

Em exclusivo, a crónica completa do Mundial de 2010 que acaba de encerrar, por Eduardo Galeano , autor de FUTEBOL: SOL E SOMBRA. A ilustração é do autor.



Una campaña internacional convertía a Irán en el más grave peligro para la humanidad, porque dicen que dicen que Irán tendría o podría tener armas nucleares, como si hubieran sido iraníes los que arrojaron las bombas atómicas sobre la población civil de Hiroshima y Nagasaki;
Israel ametrallaba, en aguas internacionales, los barcos que llevaban a Palestina alimentos, medicinas y juguetes, en uno de los habituales actos criminales que castigan a los palestinos como si ellos, que son semitas, fueran culpables del antisemitismo y sus horrores;
el Fondo Monetario, el Banco Mundial y numerosos gobiernos humillaban a Grecia, obligándola a que aceptara lo inaceptable, como si hubieran sido los griegos, y no los banqueros de Wall Street, los responsables de la peor crisis internacional desde 1929;
el Pentágono anunciaba que sus expertos habían descubierto, en Afganistán, un yacimiento de un millón de millones de dólares en oro, cobalto, cobre, hierro y sobre todo litio, el codiciado mineral imprescindible para los teléfonos celulares y las computadoras portátiles, y el país invasor lo anunciaba alegremente, como si al cabo de casi nueve años de guerra y miles de muertos hubiera encontrado lo que de veras buscaba en el país invadido;
en Colombia aparecía una fosa común con más de dos mil muertos sin nombre, que el ejército había arrojado allí como si fueran guerrilleros abatidos en combate, aunque los vecinos del lugar sabían que eran militantes sindicales, activistas comunitarios y campesinos que defendían sus tierras;
una de las peores catástrofes ecológicas de todos los tiempos convertía el golfo de México en un inmenso charco de petróleo, y un mes y medio después el fondo de la mar seguía siendo un volcán de petróleo, mientras la empresa British Petroleum silbaba y miraba para otro lado, como si no tuviera nada que ver;
en varios países, una catarata de denuncias acusaba a la Iglesia Católica de abusos sexuales y violaciones de niños, y por todas partes se multiplicaban los testimonios que el miedo había reprimido durante años y que por fin salían a luz, mientras algunas fuentes eclesiásticas se defendían diciendo que esas atrocidades ocurrían también fuera de la Iglesia, como si eso la disculpara, y que en muchos casos los sacerdotes habían sido provocados, como si los culpables fueran las víctimas;
fuentes bien informadas de Miami seguían negándose a creer que Fidel Castro siguiera vivito y coleando, como si no les estuviera dando nuevos disgustos cada día;
se nos iban dos escritores sin suplentes, José Saramago y Carlos Monsiváis, y los extrañábamos como si no supiéramos que seguirán resucitando entre los muertos, por imposible que parezca, por el puro placer de atormentar a los dueños del mundo;
y en el puerto de Hamburgo, una multitud celebraba el regreso a la primera división alemana del club de fútbol Sankt Pauli, que cuenta con veinte millones de simpatizantes, por imposible que parezca, congregados en torno a las banderas del club: no al racismo, no al sexismo, no a la homofobia, no al nazismo, mientras lejos de allí, en Sudáfrica, se inauguraba el decimonoveno campeonato mundial de fútbol, al amparo de una de esas banderas: No al racismo.

Durante un mes, el mundo dejó de girar y muchos de sus habitantes dejamos de respirar.
Nada de raro, porque esto ocurre cada cuatro años, pero lo raro fue que éste fue el primer Mundial en tierra africana. El África negra, despreciada, condenada al silencio y al olvido, pudo ocupar por un ratito el centro de la atención universal, al menos mientras duró el campeonato.
Treinta y dos países disputaron la Copa en diez estadios que costaron un dineral. Y no se sabe cómo hará Sudáfrica para mantener en actividad esos gigantes de cemento, multimillonario derroche fácil de explicar pero difícil de justificar en uno de los países más injustos del mundo.

El estadio más hermoso, en forma de flor, abre sus inmensos pétalos sobre la bahía llamada Nelson Mandela. Mandela fue el héroe de este Mundial. Un homenaje más que merecido al fundador de la democracia en su país. Su sacrificio ha rendido frutos que están a la vista, de alguna manera, en el planeta entero. Sin embargo, en Sudáfrica todavía los negros siguen siendo los más pobres y los más castigados por la policía y por las pestes, y fueron negros los mendigos, las prostitutas y los niños de la calle que en vísperas del Mundial fueron ocultados para no dar mala impresión a las visitas.

A lo largo del torneo, se pudo ver que el fútbol africano conservó su agilidad pero perdió desparpajo y fantasía, corrió mucho pero poco bailó. Hay quienes creen que los directores técnicos de las selecciones, casi todos europeos, contribuyeron a este enfriamiento. Si así fuera, flaco favor han hecho a un fútbol que tanta alegría prometía.

África sacrificó sus virtudes en nombre de la eficacia, y la eficacia brilló por su ausencia. Un solo país africano, Ghana, llegó a estar entre los ocho mejores; y poco después, también Ghana volvió a casa. Ninguna selección africana sobrevivió, ni siquiera la del país anfitrión.
Muchos de los jugadores africanos dignos de su herencia de buen fútbol, viven y juegan en el continente que había esclavizado a sus abuelos. En uno de los partidos del Mundial, se enfrentaron los hermanos Boateng, hijos de padre ghanés: uno llevaba la camiseta de Ghana, y el otro la camiseta de Alemania. De los jugadores de la selección de Ghana, ninguno jugaba en el campeonato local de Ghana. De los jugadores de la selección de Alemania, todos jugaban en el campeonato local de Alemania. Como América Latina, África exporta mano de obra y pie de obra.

Jabulani se llamó la pelota del torneo, enjabonada, medio loca, que huía de las manos y desobedecía a los pies. Este novedad de Adidas fue impuesta en el Mundial, aunque a los jugadores no les gustaba ni un poquito. Desde su castillo de Zurich, los amos del fútbol imponen, no proponen. Tienen costumbre.

Los errores y los horrores cometidos por algunos árbitros pusieron en evidencia, una vez más, lo que el sentido común exige desde hace muchos años. A gritos clama el sentido común, siempre en vano, que el árbitro pueda consultar los primeros planos registrados por las cámaras, ante las jugadas decisivas que resulten dudosas. La tecnología permite, ahora, que ese cotejo se haga con la rapidez y la naturalidad con que se consulta otro instrumento tecnológico, llamado reloj, para medir el tiempo de cada partido. Todos los demás deportes, el basquetbol, el tenis, el béisbol, la natación y hasta la esgrima y las carreras de autos, utilizan normalmente las ayudas electrónicas. El fútbol, no. Y la explicación de sus amos resultaría cómica, si no fuera simplemente sospechosa: El error forma parte del juego, dicen, y nos dejan boquiabiertos descubriendo que errare humanum est.

La mejor atajada del torneo no fue obra de un golero, sino de un goleador: el atacante uruguayo Luis Suárez detuvo la resbalosa pelota con las dos manos, en la línea de gol, en el último minuto de un partido decisivo. Ese gol hubiera dejado a su país fuera de la Copa: gracias a su acto de patriótica locura, Suárez fue expulsado pero Uruguay no.

Uruguay, que había entrado al Mundial en el último lugar, al cabo de una penosa clasificación, jugó todo el campeonato sin rendirse nunca, y fue el único país latinoamericano que llegó a las semifinales. Algunos cardiólogos nos advirtieron, desde la prensa, que el exceso de felicidad puede ser peligroso para la salud. Numerosos uruguayos, que parecíamos condenados a morir de aburrimiento, celebramos ese riesgo, y las calles del país fueron una fiesta. Al fin y al cabo, el derecho a festejar los méritos propios es siempre preferible al placer que algunos sienten por la desgracia ajena.
Uruguay terminó ocupando el cuarto puesto, que no está tan mal para el único país que pudo evitar que este Mundial fuera nada más que una Eurocopa.
Diego Forlán, nuestro goleador, fue elegido el mejor jugador del torneo.

Ganó España. Este país, que nunca había conquistado el trofeo mundial, lo ganó en buena ley, por obra y gracia de su fútbol solidario, uno para todos, todos para uno, y por la asombrosa habilidad de ese pequeño mago llamado Andrés Iniesta.
Holanda fue vice, al cabo de un último partido donde traicionó, a las patadas, sus mejores tradiciones.

El campeón y el vicecampeón del Mundial anterior volvieron a casa sin abrir las maletas. En el año 2006, Italia y Francia se habían encontrado en el partido final. Ahora se encontraron en la puerta de salida del aeropuerto. En Italia, se multiplicaron las voces críticas de un fútbol jugado para impedir que el rival juegue. En Francia, el desastre provocó una crisis política y encendió las furias racistas, porque habían sido negros casi todos los jugadores que cantaron la Marsellesa en los estadios sudafricanos.

Otros favoritos, como Inglaterra, tampoco duraron mucho.

Brasil y Argentina sufrieron crueles baños de humildad. Brasil fue irreconocible, salvo en los momentos de libertad que rompieron la jaula del esquema defensivo. ¿De qué estaba enfermo ese fútbol para necesitar tan dudoso remedio?

Argentina fue goleada en su último partido. Medio siglo antes, otra selección argentina había recibido una lluvia de monedas cuando regresó de un Mundial desastroso, pero esta vez fue bienvenida por una multitud abrazadora. Todavía hay gente que cree en cosas más importantes que el éxito o el fracaso.

Este Mundial confirmó que los jugadores se lesionan con reveladora frecuencia, triturados como están por el extenuante ritmo de trabajo que impone, impunemente, el fútbol profesional. Se dirá que algunos se han hecho ricos, y hasta riquísimos, pero eso sólo es verdad para los más cotizados, que además de jugar dos o más partidos por semana, y además de entrenarse noche y día, sacrifican a la sociedad de consumo sus escasos minutos libres vendiendo calzoncillos, autos, perfumes y afeitadoras y posando para las tapas de las revistas de lujo. Y al fin y al cabo, eso sólo prueba que este mundo es tan absurdo que hasta contiene esclavos millonarios.

Faltaron a la cita las dos superestrellas más anunciadas y esperadas. Lionel Messi quiso estar, hizo lo que pudo, y algo se vio. Dicen que Cristiano Ronaldo estuvo, pero nadie lo vio: quizás estaba demasiado ocupado en verse.

Pero una nueva estrella, inesperada, surgió de las profundidades de los mares y se elevó a lo más alto del firmamento futbolero. Es un pulpo que vive en un acuario de Alemania. Se llama Paul, aunque merecería llamarse Pulpodamus. Antes de cada partido, formulaba sus profecías. Le daban a elegir entre los mejillones que llevaban las banderas de los dos rivales. Él comía los mejillones del vencedor, y no se equivocaba. El oráculo octópodo, que influyó decisivamente sobre las apuestas, fue escuchado en el mundo futbolero con religiosa reverencia y fue amado y odiado y hasta calumniado por algunos resentidos, como yo: cuando anunció que Uruguay perdería contra Alemania, denuncié:
– Este pulpo es un corrupto.

Cuando el Mundial comenzó, en la puerta de mi casa colgué un cartel que decía: Cerrado por fútbol. Cuando lo descolgué, un mes después, yo ya había jugado sesenta y cuatro partidos, cerveza en mano, sin moverme de mi sillón preferido.
Esa proeza me dejó frito, los músculos dolidos, la garganta rota; pero ya estoy sintiendo nostalgia. Ya empiezo a extrañar la insoportable letanía de las vuvuzelas, la emoción de los goles no aptos para cardíacos, la belleza de las mejores jugadas repetidas en cámara lenta. Y también la fiesta y el luto, porque a veces el fútbol es una alegría que duele, y la música que celebra alguna victoria de ésas que hacen bailar a los muertos, suena muy cerca del clamoroso silencio del estadio vacío, donde algún vencido, solo, incapaz de moverse, espera sentado en medio de las inmensas gradas sin nadie.

© 2010 Eduardo Galeano

domingo, 11 de julho de 2010

Dedalus salva do fim

Lido no blogue de John Coulthart (de notícia no Guardian): a Dedalus, uma mini editora inglesa ("a staff of one and a half people and reinvests any money it makes in its list": a imagem é mais do que familiar...), depois de 2 anos em disputa com o Arts Council, vê reposto o subsídio que lhe tinha sido negado em 2008 e até agora. Isto significa que uma editora que tem no seu Top 10 a tradução de Os Maias de Eça de Queiroz (há alguma editora portuguesa que ainda se orgulhe de ter Eça no seu catálogo?) tem agora os meios mínimos que lhe permitem sobreviver e produzir livros à margem dessa miragem monomaníaca que tomou de assalto o petit monde literário em Portugal, o sucesso de vendas, único modelo disponível agora para aferir a sustentabilidade de editoras num país com níveis de leitura de Terceiro Mundo.
Num momento em que o Ministério da "Cultura" português se arrasta na própria lama (comunicados envenenados sobre ex-assalariados de topo, atribuição de prémios na condição de apresentação de "certidões da situação contributiva", etc), é bom lembrar aos Keynesianos serôdios que o Arts Council foi uma criação de John Maynard Keynes, que foi também o seu primeiro Chairman, e isto numa altura em que bombas incendiárias caíam sobre Londres. Por cá, "mais Estado" não resulta, e está visto que "melhor Estado" começa a ser impossível...

Eduardo Galeano sobre o futebol

O Uruguai, como se viu, não tem apenas história no futebol. Tem quem faça ambos. No campo, as coisas parecem estar bem entregues a Forlán e companhia. Nas letras, há muito que o livro FUTEBOL: SOL E SOMBRA de Eduardo Galeano transformou este numa referência no que à História e às história do futebol diz respeito. O programa "Observatório de Imprensa" do canal brasileiro TV Brasil, através do repórter Alberto Dines, foi fazer uma longa entrevista com o autor uruguaio sobre os dois temas que o apaixonam: história e futebol. Esta é a primeira de 6 partes.



Uma boa entrevista com o escritor, feita por Gerhard Dilger, foi publicada também no site Carta Maior, site onde, curiosamente, o articulista Emir Sader chega a escrever: "o Brasil é dos poucos países em que os artigos de Galeano não são publicados regularmente na imprensa – apesar de ele ser o melhor escritor latino-americano contemporâneo."
Sobre a dramática eliminação do Gana pelo Uruguai, são estas as palavras de Galeano:
Foi um filme de Hitchcock. Me cortou a respiração. A minha e a de todos que assistiram à partida mais emocionante deste mundial. Ganhou o Uruguai, como se sabe, e assim ficou selada a derrota de toda a África. Eu festejei e, ao mesmo tempo, senti uma funda tristeza. No futebol, como na vida, há alegrias que doem.

sábado, 10 de julho de 2010

Uruguai, Uruguai, Uruguai



O Uruguai, a segunda nação mais "portuguesa" da América do Sul (em que outro território se concentram mais Pereiras, Tabarez, Andrades, Varelas?), a nação que deu a maioridade ao futebol nos anos de 1920, com duas olimpíadas ganhas de seguida antes de ganhar o primeiro Mundial em 1930, que deu ao mundo o primeiro jogador negro de fama mundial, de nome Andrade (numa altura em que até no Brasil os jogadores negros ou não entravam ou tinham de pôr pó no rosto para parecerem menos negros), e cuja equipa teve o desplante de jogar bem e "roubar" a taça ao Brasil no jogo de estreia do gigantesco Maracanã em 1950, o Uruguai, dizia-se, merece estar nos três primeiros lugares deste Mundial. A única selecção que fez tremer a Holanda (e imagine-se o que seria com Luis Suarez em campo) e que teve em Forlán um legítimo herdeiro da classe de Schiaffino, Varela, Mazurkiewicz ou Francescoli estará de pleno direito na trindade final de nações "latinas" (qualquer holandês dirá que a Holanda é o mais latino dos países do Norte da Europa, e não foi por acaso que o futebol espanhol moderno foi "plantado" por dois holandeses nos anos de 1970).
Até Carlos Gardel deu o seu contributo à história de sucesso no futebol deste pequeno país, como conta Eduardo Galeano em FUTEBOL: SOL E SOMBRA:

Um jogador uruguaio, Adhemar Canavessi, sacrificou-se para esconjurar o dano da sua própria presença na final da Olimpíada de 1928, em Amsterdão. O Uruguai ia disputar essa final com a Argentina. Canavessi decidiu ficar no hotel e desceu do autocarro que levava os jogadores ao estádio. Todas as vezes que ele tinha jogado contra os argentinos, a selecção uruguaia tinha perdido, e na última ocasião ele tinha tido o infortúnio de marcar um golo na própria baliza. No jogo de Amsterdão, sem Canavessi, o Uruguai venceu. No dia anterior, Carlos Gardel tinha cantado para os jogadores argentinos no hotel onde estavam instalados. Para lhes dar sorte, tinha estreado um tango chamado "Dandy". Dois anos depois, a história repetiu-se: Gardel voltou a cantar "Dandy", desejando êxito à selecção argentina. Essa segunda vez foi em vésperas da final do Mundial de 1930, que o Uruguai também ganhou. Muitos juram que a intenção estava acima de qualquer suspeita, mas mais do que uma pessoa acredita que aí está a prova de que Gardel era uruguaio.
(Eduardo Galeano, "As Forças Ocultas" in Futebol: sol e sombra, tradução de Piedade Pires)

sábado, 3 de julho de 2010

El toque




O sucesso do Uruguai (e da Argentina, e da Espanha...), e o encantamento que produz ver Diego Forlan a dominar uma bola de futebol, explicam-se nestas palavras de Eduardo Galeano em FUTEBOL: SOL E SOMBRA, a maior contribuição uruguaia ao futebol mundial desde o Maracanazo de 1950.

"Foi um processo imparável. Como o tango, o futebol cresceu a partir dos subúrbios. Era um desporto que não exigia dinheiro e podia-se jogar sem mais nada do que a simples vontade de o fazer. Nos campos baldios, nas ruelas e nas praias, os rapazes crioulos e os jovens imigrantes improvisavam jogos com bolas feitas de meias velhas, cheias com trapo ou papel, e um par de pedras para simular a baliza. Graças à linguagem do futebol, que começava a tornar-se universal, os trabalhadores expulsos do campo entendiam-se às mil maravilhas com os trabalhadores expulsos da Europa. O esperanto da bola unia os nativos pobres com os camponeses que tinham atravessado o mar vindos de Vigo, Lisboa, Nápoles, Beirute ou da Bessarábia e que sonhavam construir a América a levantar paredes, a carregar fardos, a cozer pão nos fornos ou a varrer ruas. Bela viagem a do futebol: tinha sido organizado nos colégios e universidades inglesas, e na América do Sul alegrava a vida de gente que nunca tinha posto o pé numa escola. Nos campos de Buenos Aires e de Montevideu nascia um estilo. Uma maneira própria de jogar futebol começava a impor-se, ao mesmo tempo que uma maneira própria de dançar se afirmava nos pátios milongueiros. Os dançarinos desenhavam filigranas, floreando-se nos limites de uma única laje de pavimento, e os futebolistas inventavam a sua linguagem no minúsculo espaço em que a bola não era pontapeada mas retida e possuída, como se os pés fossem mãos entrançando o couro. E nos pés dos primeiros virtuosos crioulos nasceu el toque: a bola tocada como se fosse uma guitarra, fonte de música."
(Eduardo Galeano, Futebol: sol e sombra, tradução de Piedade Pires, pp. 48-49)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Ainda pouco, mas melhor do que nada


Há meses fez-se aqui referência a dois documentários sobre editores, raridades num panorama audiovisual pouco dado ao estudo de casos do mundo editorial, e incompreensivelmente ignorante das mais excêntricas e ricas biografias de editores no último século. Por cá, essa ignorância e esse desinteresse estende-se, além do documentarismo, à ensaística, mas, como diria o outro, essa é outra história. Para já, trata-se de saudar a edição deste documentário de Cláudia Clemente sobre a aventura de mais de 30 anos da &etc de Vítor Silva Tavares (e de alguns "compagnons de route" como Paulo da Costa Domingos). É ainda muito pouco para o que falta cobrir, tanto em filme como em livro, da rica aventura de editar "à margem" em Portugal (para quando algo, por exemplo, sobre a Afrodite de Ribeiro de Mello?), com a séria desvantagem de a maioria das talking heads que poderiam participar nesses documentários ter começado a deixar-nos há alguns anos sem que alguém se tenha dado ao cuidado de registar os seus depoimentos. O facto de esta colecção da Midas ter a designação de "Escritores Portugueses", leva-nos, contudo, a desconfiar da possibilidade de este estado de coisas se alterar e de se passar a olhar os editores como actores de pleno direito e não como meras sombras ou figurantes no palco da publicação de textos, onde "autores" e "escritores" são ainda os únicos garantes de atenção.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Com o devido respeito, uma pergunta

Se Saramago queria ter as cinzas enterradas em Lanzarote (disse-o num documentário televisivo há 2 anos) e se Jorge de Sena quis morrer e descansar em paz na América, que o acolheu como Portugal não soube fazê-lo, porque acabaram os seus restos por cá? A vontade expressa de um escritor vale assim tão pouco ante o "interesse nacional"?

Dois finalistas



As duas melhores recomendações que podemos fazer a quem quiser passar o resto do Campeonato do Mundo a ler sobre futebol de uma forma única e original continuam a ser estas. Nada chega perto delas, e uma joga em casa (FUTEBOL: SOL E SOMBRA de Eduardo Galeano).

sábado, 19 de junho de 2010

Nova distribuição

Somos distribuídos, a partir da próxima semana, pela Companhia das Artes.

domingo, 6 de junho de 2010

Mudança de distribuição

Devido ao fecho da nossa actual distribuidora, a 90º Noventa Graus, estamos em processo de mudança de representantes na distribuição, pelo que a entrada como Novidade de FOME de Elise Blackwell fica para já adiada. Não queremos, contudo, deixar de agradecer os serviços da Valérie Suire e da Susana Vasquez ao longo destes quase 3 anos, e desejar-lhes boa sorte nos seus novos rumos. Daremos mais notícias em breve.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Em breve


Para muito breve, FOME de Elise Blackwell, com tradução de Safaa Dib. Pode ler aqui um excerto. Lembramos que o PressKit contém uma amostra de algumas páginas da nossa edição, que estará em breve em distribuição.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O "outro" evento em Matosinhos

Em virtude da monomania literária da nossa imprensa cultural, um outro evento ocorrido em Matosinhos, sensivelmente um mês antes do Literatura em Viagem, passou quase despercebido. Um evento que trouxe a Matosinhos nada mais nada menos do que a designer Paula Scher e a ilustradora Sara Fanelli, a primeira como membro do júri (presidido por Andrew Howard, o responsável pelo excelente projecto Gateways) e a segunda para receber o primeiro prémio do concurso internacional TITAN- Illustration in Design, promovido pela ESAD – Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos e a APDL – Administração dos Portos do Douro e de Leixões. Os livros portugueses livros “P de Pai”, de Bernardo Carvalho (Planeta Tangerina) e “Já não há Maçãs no Paraíso”, de Max Tillman (a.k.a. Tiago Manuel, Mmmnnnrrrg) ficaram entre os 7 projectos premiados. Há mais coisas em Matosinhos do que literatura uma vez por ano; não há, pelos vistos, é ninguém a cobri-las para os jornais...

domingo, 9 de maio de 2010

Marriette Tosel is alive and well...

... and living in Viana. E, por intermédio do esquivo Tiago Manuel, ofereceu-nos um livro autografado e dedicado com um desenho. E mais não dizemos.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Abril em Portugal, por Lázaro Covadlo

Si vienes desde la orilla del Tajo y tu intención es cumplir con el rito de tomarte un café en A Brasileira es probable que subas por la rua de Alecrim para girar, luego, a la derecha, por la de Ferrogial. En esa esquina te encontrarás con un policía robusto como un armario. Si le preguntas por el mejor camino él te preguntará si vas a ver la estatua de Fernando Pessoa, sentado a la mesa, en la acera del bar. Tú le dices que ya la has visto en una visita anterior, y le explicas que cada vez que llegas a Lisboa pasas por A Brasileira. Aparentemente sin venir a cuento el policía te dirá que Pessoa no era mal poeta, pero los hubo más grandes en Portugal. Tú, al borde de la indignación, le interrogarás con mala leche: «A ver, de que está a falar você?» Él entonces te dirá que te habla de Antonio Aleixo, a su juicio mejor poeta que Pessoa, Eugénio de Andrade, Cesário Verde y hasta Luis de Camões, considerado por muchos (entre quienes me incluyo) el padre de la lengua portuguesa. Tu indignación empieza a hervir y le dices al uniformado que está haciendo una mezcla indecente y espantosa. El hombre lleva pistola al cinto, pero eso no impide que sonría condescendiente y te recomiende que leas a Aleixo. Lo harás unos días después, entonces comprobarás dos cosas: que Aleixo era en verdad un buen poeta y que el policía aquel tiene tendencias líricas populistas. También caerás en la cuenta de que nunca antes habías discutido sobre poesía con un agente del orden, y en plena calle. Te preguntarás entonces si semejante fenómeno sólo puede ocurrir en Portugal, lo mismo que tantas otras cosas raras y maravillosas que acontecen en el país vecino, al que fui invitado para intervenir en el evento «Literatura em Viagem», que cada año organiza mi gran amigo Francisco (Chico) Guedes, en Matosinhos, segundo puerto de Portugal, aunque por aquí muy pocos hayan oído hablar de esa bonita ciudad pegada a la muy bella Oporto.

En fin, como quiera que sea, Pessoa sigue siendo el más grande, te lo vuelves a decir al llegar a la Rúa Garret 120. Allí está A Brasileira, allí Pessoa conversó y bebió copiosamente, no con Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos y Bernardo Soares, nombres que no sé si escribir en negrita o no, ya que no se trataban de individuos reales sino de heterónimos del gran poeta, de modo que dejo que lo resuelva la persona (en portugués «pessoa») que subirá este artículo en la redacción. Y cierro con estos versos del divino poeta, atribuidos a Bernardo Soares: «La vida práctica siempre me pareció el menos cómodo de los suicidios».

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Na dos Pequenos

Estaremos na Feira do Livro de Lisboa, na Tenda/Stand (riscar consoante os gostos) dos Pequenos Editores.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lázaro esteve em Matosinhos



Não, não foi esse. Falamos de Lázaro Covadlo, autor de BURACOS NEGROS e CRIATURAS DA NOITE. Eis o registo fotográfico da sua apresentação na tarde do passado dia 20. (Foto de Assumpta Cusiné)

sábado, 24 de abril de 2010

Os livros de areia regressam a Buenos Aires





Pela mão do artista Mariano Sardon, eis uma possível tradução plástica de um dos conceitos mais complexos da obra de Borges (a par do "Aleph"), o do "livro de areia". Está em exibição na II Bienal Borges - Kafka no Centro Cultural La Recoleta de Buenos Aires.

A segunda e a terceira sílabas

"... uma das formas de o autor afirmar aquela presença que os outros mostram ao apresentar os seus cumprimentos ou assinar o respeitoso ponto, nas mesas de café, e noutros lugares de reunião pública e privada aonde as reputações se fazem ou desfazem (cuidado com a segunda e a terceira sílabas daquela palavra tão honrada como as outras, nestes tempos em que tais luxos de honra se vão perdendo no universo."
(Jorge de Sena, Antigas e Novas Andanças do Demónio, pp. 10-11, Edições 70, 2.ª edição, 1981)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Estamos (quase) na Amazon

Em breve teremos alguns dos títulos do nosso catálogo disponíveis para encomenda em sistema de Print-on-Demand (POD) na Amazon, através dos serviços da Publidisa, de quem somos clientes desde a primeira hora. Para a semana poderemos já indicar quais esses títulos, que agora os leitores de português distantes do nosso país (alô, Brasil!) ou que depositem maior confiança em compras na marca Amazon podem adquirir a um custo acessível e de forma muito rápida. Dentre esses títulos, alguns serão também lançados em ebook.

Dumbos idos

E foi-se: o nosso stock de exemplares de Disney no Céu entre os Dumbos esgotou-se, pelo que, tendo ainda em conta a existência de alguns exemplares à consignação em livrarias, temos a considerar essa edição como INDISPONÍVEL. A todos os que, movidos pela comoção da "polémica" ou genuína curiosidade, compraram livros durante esta semana, bem como aos blogues e fóruns que tiveram a amabilidade de linkar para o post da "discórdia", aumentando a curiosidade pelo título a quem não o conhecia ainda, os nossos sinceros (comovidos, chorões até, se quiserem) agradecimentos. Aos primeiros em especial, e em benefício da valorização da vossa compra, temos a anunciar que iremos retirar o PDF gratuito da nossa edição este fim-de-semana.

A "nuvem" de Alexandra Lucas Coelho

Talvez por efeito retardado da cinza vulcânica, Alexandra Lucas Coelho (ALC), a autora deste resumo do Literatura em Viagem publicado ontem no jornal Público (lido por nós na versão online), não consegue ver quase nada abaixo do "domínio" da Quetzal e do "sistema solar" da Porto Editora (encandeamento solar directo?). Eis a lista das editoras presentes, para além dos gigantes citados:

"A segunda a mexer-se em convidados e lançamentos foi a Sextante. E depois, fora do sistema solar Porto Editora, lá estiveram a Presença, a Quidnovi, a Tinta da China, a Planeta, a Objectiva, com um editor e/ou um autor. O solitário representante do sistema solar rival da Porto, a Leya, era o editor Carlos Veiga Ferreira, da Teorema, que perdeu o seu autor para o vulcão."


Que Lázaro Covadlo tenha sido referido no seu texto apenas pelo facto de ser argentino, não poderemos contestá-lo: é-o, de facto. Que nem entre as editoras com um autor presente tenhamos sido referidos, é daquelas coisas: acontece. A consequente falta de ligação entre o nome do autor e o nosso, só podemos explicá-la pela vertigem dos "domínios", o encandeamento em pleno "sistema solar" ou o cheiro a cinza islandesa, que terão impedido ALC de usar um arquivo de fontes como o Google (simétrica ironia: precisamente o mesmo que nos levou ao seu texto...), onde poderia ter descoberto que Francisco Guedes, o organizador do evento, foi o tradutor dos dois únicos livros de Lázaro Covadlo publicados em Portugal até hoje (CRIATURAS DA NOITE e BURACOS NEGROS), e que foi a Livros de Areia a publicá-los. Uma nuvem espessa, sem dúvida, essa que passou por Matosinhos...