terça-feira, 7 de dezembro de 2010
A manchete mais estúpida do ano
Uma das mais estúpidas manchetes do ano (e o nível de estupidez na informação começa a atingir o vermelho na escala de Orwell) foi sem dúvida esta da Folha de S. Paulo: "Livros eletrônicos reduzem estigmas da leitura solitária" (na verdade, uma tradução de um artigo escrito por Austin Considine e publicado no New York Times em 20 de Agosto, prova – mais uma – da morte lenta desse jornal). A perplexidade atinge-nos de vários lados ao lermos isto, e o lado pelo qual vemos uma clara campanha de promoção dos gadgets de leitura de ebooks não é despiciendo (a foto que ilustra o artigo no site do NYT tem uma modelo a mostrar um ipad, ou seja, uma redundância). Chegamos, pois (ou regredimos), ao ponto da história da civilização em que ter um livro "tradicional" na mão equivale a confessarmos um vício na masturbação compulsiva ou na troca de seringas de heroína, estigmas que apenas a leitura de um livro "electrónico" parece reduzir ou até eliminar. (Sinal do apocalipse: no site de uma editora portuguesa promete-se enviar os livros por correio em "embalagem discreta"...)
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