sexta-feira, 23 de abril de 2010

A "nuvem" de Alexandra Lucas Coelho

Talvez por efeito retardado da cinza vulcânica, Alexandra Lucas Coelho (ALC), a autora deste resumo do Literatura em Viagem publicado ontem no jornal Público (lido por nós na versão online), não consegue ver quase nada abaixo do "domínio" da Quetzal e do "sistema solar" da Porto Editora (encandeamento solar directo?). Eis a lista das editoras presentes, para além dos gigantes citados:

"A segunda a mexer-se em convidados e lançamentos foi a Sextante. E depois, fora do sistema solar Porto Editora, lá estiveram a Presença, a Quidnovi, a Tinta da China, a Planeta, a Objectiva, com um editor e/ou um autor. O solitário representante do sistema solar rival da Porto, a Leya, era o editor Carlos Veiga Ferreira, da Teorema, que perdeu o seu autor para o vulcão."


Que Lázaro Covadlo tenha sido referido no seu texto apenas pelo facto de ser argentino, não poderemos contestá-lo: é-o, de facto. Que nem entre as editoras com um autor presente tenhamos sido referidos, é daquelas coisas: acontece. A consequente falta de ligação entre o nome do autor e o nosso, só podemos explicá-la pela vertigem dos "domínios", o encandeamento em pleno "sistema solar" ou o cheiro a cinza islandesa, que terão impedido ALC de usar um arquivo de fontes como o Google (simétrica ironia: precisamente o mesmo que nos levou ao seu texto...), onde poderia ter descoberto que Francisco Guedes, o organizador do evento, foi o tradutor dos dois únicos livros de Lázaro Covadlo publicados em Portugal até hoje (CRIATURAS DA NOITE e BURACOS NEGROS), e que foi a Livros de Areia a publicá-los. Uma nuvem espessa, sem dúvida, essa que passou por Matosinhos...

18 comentários:

  1. Meus senhores, é simples: as Correntes d'Escritas e esse LeV ou coisa que o valha foram comprados pela Quetzal, que foi por sua vez comprada pela Porto Editora, dona, portanto, dos cordelinhos e que decide, entre Viegas & Valente (bela sociedade) quem vem e quem não vem (só não manda no vulcão da Islândia). As câmaras de papalvos provincianos agradecem a visita dos senhores importantes e o dinheirinho cai nos bolsos certos e fica toda a gente contente. Entretanto, 99,99% do Portugal que faz alguma coisa de produtivo não sabe do que se passa por esses "eventos" nem quer saber.

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  2. Meus caros,

    Há uma fronteira muito ténue entre fazer um reparo e tornar-se um chorão. E vocês não souberam manter-se do lado digno. A vossa actividade recente resume-se, quase exclusivamente, a queixarem-se que ninguém vos refere. Pois eu conheço muitos projectos independentes e mais pequenos que vós que não são esquecidos e que têm a atenção que merecem. Se calhar o mal não está só nos outros.

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  3. Caro Gonçalo, "lado digno"? :) Que patetice... Houve um comentador que referiu aqui, no post da "polémica", o maniqueísmo. Está visto: encontrámo-lo e estava nas suas mãos. Obrigado por trazê-lo à colação, ainda que de forma tão esquisita e pouco coerente (nada de raro, vindo de um maniqueísta).

    Quanto a sermos chorões no estilo do reparo, é-nos igual: o estilo aqui fica em segundo lugar face ao que importa, que é corrigir uma informação veiculada por um jornal de "referência": fomos uma das poucas editoras representadas por "autores e/ou editores" no evento, e o texto não o menciona. Correcção feita.

    Quanto a esses "projectos", e para benefício da discussão, não seria bom fazer o que nós fazemos, e dar nomes às coisas?

    Aceite um cumprimento chorão (tem um lenço de papel?).

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  4. Ao anónimo madrugador: caso não saiba, os editores "produzem" algo: o objecto livro e, em alguns casos, o seu conteúdo.

    Quanto a quem mexe os "cordelinhos" e em que eventos, isto está, como sempre esteve, acima dos nossos interesses e preocupações: apenas quisemos indicar, através do único meio em que podemos fazê-lo (este blogue), que, apesar do texto de ALC não mencionar esse facto, um dos autores presentes neste evento foi publicado por nós, e que essa informação seria obtida gratuitamente e sem esforço usando o Google.

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  5. Concordo! É preciso começar a apontar a ligeireza com que estas Viegadas começam a ser tratadas na imprensa... Os jornalistas andam incapazes de ver abaixo do radar do dienhriro e do poder, e alguns dele sacam o que podem da "situação". Esse menino Gonçalo deve ser mais um dos biscateiros do senhor Viegas, e o serviço prestado está-se a ver qual é...

    Ricardo S. (Porto)

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  6. Estive em algumas sessões do LeV e gostei. Gostei também da intervenção do vosso autor.

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  7. Caro "anónimo" Ricardo: se ler bem o texto, poderá ver que não há ali nada referente ao editor da Quetzal, Francisco José Viegas; o objectivo do texto foi corrigir uma omissão num texto jornalístico, optanto nós pelo estilo que preferimos, o da ironia. O comentador Gonçalo tem todo o direito de vir aqui escrever o que bem entende; somos crescidinhos e aguentamos.

    Luísa, teve mais sorte do que nós: só conseguimos ir a Matosinhos na 2ª-feira passada, pelo que perdemos a sessão com o Lázaro Covadlo. Folgamos em saber que gostou, e sabemos que o Lazaro se sentiu bem por lá, o que é para nós o mais importante.

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  8. Caros Livros de Areia,

    Esclareçam-me então uma coisa: todas as editoras presentes foram referidos, excepto a Livros de Areia?

    E deve ter havido algum mal entendido porque não me revejo nesse maniqueísmo de que falam.

    E quanto à anterior polémica, estou inteiramente convosco, mas muito honestamente, custa-me acreditar que o "esquecimento" do João Barreiros em relação a vós tenha algo que ver com o facto de estar na LeYa. E no entanto, eu estive no lançamento do seu mais recente livro e ele referiu este Disney no Céu como tendo sido editado por uma editora que já não existe (foi isto que eu percebi, não garanto que tenha percebido bem). E não referiu o nome da editora.

    E finalizo dizendo que, como vós, me revolta este panorama actual. Tudo está ligado e todos falam dos amigos. É assustador. Mas é por isso que gostava (e não faço ideia das dificuldades que têm, nem vos quero julgar) de vos ver em actividade. A lançar autores interessantes como os que já lançaram e a fazer objectos interessantes como são todos os vossos livros.

    É isto. Do vosso maniqueísta.

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  9. Gonçalo, quanto às editoras presentes no LeV com "um editor e/ou autor", não sabemos quantas foram e, automaticamente, quantas ficaram de fora das menções no texto de ALC. Nem nos interessa.

    Apenas respondemos pelo nosso caso, e sim, continuamos a achar estranho que uma jornalista de créditos firmados não consiga descobrir o nome da editora que publicou os dois livros do autor que ela refere, umas linhas atrás do excerto transcrito, como um dos autores argentinos presentes. Se foi o Google que nos levou ao texto dela, com uma simples pesquisa "lazaro covadlo"+"matosinhos", seria o mesmo Google a dar-lhe a resposta, sem quaisquer gastos adicionais, sobre quem publicou os livros que justificam a presença desse autor no evento.

    Se as outras editoras presentes e ignoradas se sentem incomodadas com as omissões desse texto, que o afirmem. É tão simples quanto isso.

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  10. Gonçalo, no que toca ao infeliz assunto José... perdão, João Barreiros (estas gralhas, uma maçada) não queremos gastar nem mais uma linha.

    De resto, folgamos em descobrir que estamos de acordo em tudo, pelo que retiramos desde já o epíteto que lhe colocámos muito injustamente.

    Mantermo-nos em actividade é agora mais difícil do que era em 2006, quando começámos, mas trazer bons autores desconhecidos ao mercado nacional é o que pretendemos fazer de novo e já este ano, com Elise Blackwell e Brian Howell.

    Mantenha-se, pois, atento... e dê muito (mas muito) desconto ao que lê nos jornais. ;)

    Vá aparecendo por cá: o blogue é aberto à discussão saudável (e bem escrita, de preferência) e, atrevemo-nos mesmo a afirmá-lo, vive dela.

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  11. Ficámos foi mesmo curiosos com isso dos "muitos projectos independentes e mais pequenos que [nós] que não são esquecidos e que têm a atenção que merecem". Tem noção do PEQUENO que o nosso projecto é? :)

    Acredite que se, em 24 horas, o Gonçalo conseguir aqui listar 5 projectos mais pequenos do que o nosso (daqueles em que os editores fazem de tudo, da tradução ao design das capas, do contacto com os agentes à montagem e manutenção do site), com um catálogo e um registo na imprensa igual ao nosso, com o mesmo nível de autofinanciamento (leia-se, uma conta bancária nos mesmos níveis), que não tenham recorrido nunca a uma hora sequer de trabalho de estagiários e que não sejam vanity presses, pagamos-lhe um jantar naquele restaurante do ex-bastonário da Ordem dos Advogados ao cimo do Parque Eduardo VII. Ficaremos arruinados e endividados com isso, mas muito bem informados pelo menos.

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  12. Acrescecente-se às condições atrás listadas: projectos editoriais que não tenham dívidas acumuladas à Segurança Social e DGCI (podíamos contar-lhe algumas histórias de arrepiar, de "editores" que montam bancas nas Feiras do Livros mas que há anos não pagam as contribuições da SS aos seus poucos funcionários...), nem condenações em tribunal por de má fé no trato com os seus prestadores de serviços. Repetimos: se o conseguir, tem um jantar garantido no restaurante mais caro de Lisboa. :)

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  13. É com alívio, mas sem surpresa, que constatamos que o Gonçalo não conseguiu listar 5 projectos que, correspondendo às condições elencadas, fossem "mais pequenos" do que o nosso. Ainda bem para nós: poupa-nos uma factura titânica. Pior para si: não é desta que conhece o restaurante do Dr. Júdice.

    E, para rematar, um reparo (que procuraremos fazer de forma o menos chorona possível): parafraseando a personagem Noah Cross do filme "Chinatown", "we still have a few teeth left in our head and a few friends left in town". Ora foram alguns desses friends que nos indicaram que o Gonçalo pertence a uma das editoras listadas no texto de ALC. Nada de mal quanto a isso, note. Mas talvez fosse mais curial da parte de um "colega", quando entrar no blogue de uma outra editora (e ainda por cima fazendo-o de uma forma algo dura, com referências à dignidade dos donos do blogue e à sua incontinência lacrimal), identificar junto ao seu nome o nome da editora onde trabalha: é o que nós fazemos sempre. Torna os diálogos mais interessantes, e facilita a leitura dos mesmos por parte de quem vem "de fora".

    Um abraço e volte sempre.

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  14. Caríssimos,

    Acho-vos piada. Honestamente. E fico feliz por não vos custar esse jantar. Se calhar a vossa editora é "mais pequena" do que se julga. E se calhar isso é um elogio, porque fazem as coisas bem feitas e isso passa uma boa imagem.

    É com agrado que fico a saber desses dois livros que tencionam publicar. Espero por eles e coloco o meu projecto, de que, espero, também terão conhecimento - Orgia Literária -, à disposição para sobre eles se escrever. Porque, lá está, o mundo não acaba nos jornais.

    Em relação ao facto de eu não ter dito que trabalho na QuidNovi, tem uma explicação muito simples: não era essa a "camisola que tinha vestida" quando fiz o comentário. Comentei como leitor, tão simplesmente. Nem sequer como crítico, que também o sou de vez em quando. Foi por isso mesmo que, conscientemente, não assinei com o meu apelido também (porque, lá está, o Google rapidamente me denunciaria). Porque não queria que aquilo fosse uma crítica de um crítico ou de um funcionário de uma editora.

    Como fui descoberto, da próxima vez assinarei como Alexandre para não saberem que sou eu.

    PS: Não percebi aquela do José... João Barreiros.

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  15. Pronto, agora sim, a coisa é mais transparente. E não custa nada, pois não? :)

    Quanto ao fundo da questão, sermos ignorados por jornalistas é algo que, para uma micro editora (ainda por cima, como os jornalistas de Lisboa adoram referir, "com sede em Viana do Castelo", como se isso tivesse algum significado críptico), comes with the territory, e antes destas concentrações e campanhas mediáticas de pseudo-pequenas editoras (editoras/chancelas que fazem parte de grupos editoriais altamente financiados, mas que adoram vender-se como "pequenos projectos" quase familiares) até tivemos alguma sorte, tudo se devendo apenas à qualidade que alguns jornalistas viam nos nossos livros.

    Nunca pudemos gastar um cêntimo em publicidade, salvo um rodapé no JL para anunciar o "Da Treta", que não serviu para nada porque o "Público" (here we go again), já depois desse rodapé e de lhe termos enviado um exemplar da nossa edição, ainda falava num ensaio publicado nos EUA, muito interessante, "e ao qual se poderia dar o título de 'Da Treta' caso fosse publicado por cá" (citação de memória, mas fiel à essência do artigo)...

    Agora, ficarmos calados quando, num texto "jornalístico" sobre um evento, o nome de um autor que publicámos, pelo qual pagámos direitos aos agentes, cujas traduções pagámos, não aparece ligado ao nome da editora que o publicou e cujos livros justificam a vinda desse autor a esse evento, como se os autores se fizessem assim, do ar, sem a intervenção de um trabalho de edição... Não, isso lamentamos mas não fazemos.

    Quanto a isso do "José... João Barreiros" é, na essência, uma private joke. Mas com solução para os não iniciados: vá à última página de texto do livro recentemente lançado por esse autor, leia o nome que lá aparece... e faça as contas. :) Mas, se quiser seguir o nosso conselho, não vá e esqueça esse assunto: nós já esquecemos.

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  16. Muito bem, estão no vosso direito de manifestar esse desagrado. E, como já vos disse, assino por baixo, mesmo tendo-vos chamado "chorões". A verdade é que duas "polémicas" seguidas me fizeram torcer o nariz à vossa postura. O que não quer dizer que não concorde agora e não concordasse já antes. Enfim, a conversar é que nos entendemos.

    E já agora gostava de saber também o nome do editor com quem tenho trocado estas palavras. É justo :) E assim ficamos amigos.

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  17. E não leve a mal uma certa dureza minha/nossa nos comentários iniciais. Como comprovou num par de posts aqui há dias, temos sido mordidos pela "fera" do anonimato neste blogue (há 2 anos, um anónimo chegou mesmo a tecer considerações ignóbeis sobre o trabalho das nossas distribuidoras), e em alguns outros (estou-me a lembrar de uma discussão que começou no Blogtailors no Verão de 2007 ou 2008, a propósito dos célebres monitores promocionais que a Leya-D.Quixote mandou colocar nas livrarias, em que um ou vários anónimos faziam comparações depreciativas entre o nosso fraco poder de compra e o da Leya!...), e tenho de dizer que, apesar de não gostar de cortar a liberdade de opinião que a internet permite às pessoas nos blogues (razão pela qual nunca moderámos a caixa de comentários) não tenho qualquer consideração por pessoas que se encobrem no anonimato para difamar e rebaixar alguém ou uma empresa, no que sou solidário com todos os editores (pequenos ou grandes) que tenham tido de suportar estes ataques.

    Não é, obviamente o seu caso, e a sua simpatia vem, felizmente, provar que é muito melhor identificarmo-nos e trocarmos ideias, mesmo que contraditórias, às claras.

    Pedro Marques

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