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segunda-feira, 14 de março de 2011

"Texto de grande consistência e clareza"



Eis a recensão de Inês Botelho a A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS de Maria do Rosário Monteiro, publicada no número 9 da revista BANG!.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

domingo, 14 de novembro de 2010

Apresentação no Fórum Fantástico: o filme

Luís Rodrigues, com a firmeza e o estatismo dignos de um operador de câmara de Manoel de Oliveira, filmou a nossa apresentação de A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS' no Fórum Fantástico.







sábado, 13 de novembro de 2010

Apresentação no Fórum Fantástico





Duas imagens da apresentação, ontem às 18:30 horas, do livro A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS' de Maria do Rosário Monteiro (que se pode ver à esquerda).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Teaser



A ideia é ter este filme em loop amanhã durante a apresentação do livro A SIMBÓLICA DO ESPAÇO EM 'O SENHOR DOS ANÉIS'. Quem não puder aparecer, fica aqui com algo do que se poderá ver lá pelo Fórum Fantástico ao fim da tarde.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Divulguem



É já na Sexta-feira, dia 12, pelas 18:30 na Biblioteca de Telheiras (Fórum Fantástico 2010).

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A simbólica do espaço em
"O Senhor dos Anéis"



A Simbólica do Espaço em 'O Senhor dos Anéis' de J.R.R. Tolkien, da autoria de Maria do Rosário Monteiro, é o primeiro ensaio sobre a obra de Tolkien publicado em Portugal. Será lançado em Novembro no Fórum Fantástico, em Lisboa. Pode ler e folhear as primeiras 20 páginas aqui.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A literatura fantástica e o contexto cultural

"Actualmente, O Senhor dos Anéis é, para a grande maioria do público português, apenas um filme excepcionalmente longo, com a espectacularidade de inúmeros efeitos especiais e cenários deslumbrantes. Mérito que se deve atribuir à vasta equipa de técnicos que trabalhou na mega produção, que contou ainda com a participação de críticos e universitários especialistas na obra de Tolkien . Porém, o conhecimento do longo e complexo texto, que esteve na base dessa produção cinematográfica, continua desconhecido de muitos leitores. As razões são várias e, para serem devidamente escalpelizadas, carece-se de um estudo sério sobre a recepção literária, sobre a política cultural(?), sobre a actividade dos chamados “agentes culturais”. O estudo não foi feito até agora.

"A elaboração dos “planos nacionais de leitura” continua a ser realizada no segredo dos gabinetes governamentais, sobre informações cuja fiabilidade se desconhece e cujo objectivo parece ser o de excluir desse plano obras e autores fundamentais da língua portuguesa. Entretanto, opta-se por oferecer produtos fáceis e económicos em termos de produção, por vezes de duvidosa qualidade literária, mas que são facilmente publicitados, beneficiando da exposição pública facultada pelos media. Impera a lógica do instantâneo. O mercado editorial rege-se hoje, mais do que nunca, por objectivos comerciais de retorno rápido ou prejuízo negligenciável, definidos exclusivamente por um marketing pouco transparente . Enquanto agentes culturais com responsabilidades, os editores transformaram-se, em muitos casos, em meros vendedores de livros, sem revisão prévia (que tem como consequência uma gritante falta de qualidade gramatical dos textos), sem avaliação da qualidade literária, explorando à exaustão géneros onde o trigo se mistura com o pujante joio.

"A visita a uma livraria revela prateleiras e escaparates com livros de capas profusamente ilustradas e títulos do tipo: "A Saga dos…", "As Crónicas de…", "A Trilogia…", etc. Espadas, guerreiros, magia, parecem dominar o espaço físico e imaginário. Este fenómeno não é exclusivo de Portugal. A experiência será análoga em livrarias de uma qualquer cidade europeia. Uma explicação simplista é a de que "Portugal acompanha as tendências europeias, está mais hodierno". Outra, ainda menos informada, seria a de que “aquilo é a literatura fantástica”. Primeiro, pelo facto de os livros disponíveis deste género terem "espadas, guerreiros, magia" não significa que a literatura fantástica se esgote em obras destas; segundo, não significa que a literatura fantástica se esgote num formulismo predefinido; e, terceiro, que a literatura fantástica seja necessariamente de leitura simples, rápida e escapista."

Excerto da "Conclusão" de A Simbólica do Espaço em O Senhor dos Anéis de Tolkien de Maria do Rosário Monteiro (em preparação)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Adiados

Uma vez que se encontram ainda em trabalho de edição, e porque lançar livros à arena livreira de Dezembro nem os Romanos faziam, tanto A Simbólica do Espaço em O Senhor dos Anéis de Tolkien de Maria do Rosário Monteiro (lembramos: o primeiro ensaio sobre a obra-prima da literatura de fantasia escrito e publicado em Portugal) como Fome de Elise Blackwell serão adiados para depois da silly season das Festas e do Ano Novo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

J. R. R. Tolkien e a fantasia

"Um dos grandes impulsionadores do interesse pela fantasia foi J. R. R. Tolkien. Com a obra O Senhor dos Anéis, Tolkien colocou este subgénero literário num lugar de destaque dentro da produção ficcional contemporânea. Tolkien recupera não só o passado medieval cristão e as lendas antigas (como fizeram os românticos), mas vai mais longe, recuperando o passado mítico quer dos povos da Europa do Norte, quer dos celtas. Em 1954, nada fazia prever que uma narrativa que se baseava em textos míticos como o Kalevala ou as Eddas se tornasse num sucesso editorial que já dura há cinco décadas. O êxito imediato de O Senhor dos Anéis teve tanto de inesperado como de duradouro. Uma das consequências directas do sucesso foi o aparecimento, a partir de meados da década de sessenta, de um grande número de escritores que se dedicaram à fantasia. Muitos foram apenas imitadores menores de Tolkien, escritores sem a preparação cultural necessária para criarem verdadeira e inovadoramente dentro do subgénero literário. Outros, contudo, beneficiando do interesse comercial das editoras pelo fantástico, puderam publicar obras verdadeiramente criativas, explorando outras áreas do fantástico para além das desenvolvidas por Tolkien. Escritores como Michael Moorcock, Ursula K. Le Guin, Gene Wolfe, Roger Zelazny, entre outros, deram novos mundos à literatura fantástica contemporânea, inovando o género.

Um dos maiores problemas que um autor de literatura fantástica enfrenta (particularmente o do subgénero da fantasia) é o da comunicação efectiva da visão fantástica, o que faz com que o escritor seja obrigado a atender a um conjunto de regras estilístico-formais que raramente são alteradas. Para que uma visão fantástica possa ser comunicada, e não se reduza à expressão de uma mera ilusão ou sonho, é necessário que inclua elementos lógico-racionais que lhe dêem coerência interna e contribuam para a sensação de verosimilhança necessária para a participação do leitor nas aventuras narradas. Tendo em mente as regras que enquadram o género e evitam que uma obra caia na sucessão demente de acontecimentos irracionais, o autor tem ainda que dominar algumas técnicas narrativas e estético-literárias que caracterizam o subgénero, e que são:

1. A narrativa na terceira pessoa (preferencial, mas não obrigatória).
2. A presença de personagens com quem o leitor se identifique, fazendo, deste modo, com que ele participe na acção.
3. A inclusão de momentos de tensão seguidos de momentos de relaxamento.
4. A utilização de elementos fantásticos, impossíveis ou sobrenaturais, bem como de seres estranhos, míticos, lendários ou irreais que contribuem para a carga eminentemente simbólica da fantasia.
5. O recurso frequente a descrições pormenorizadas do espaço onde se desenrola a acção, para possibilitar uma «visualização» tão completa quanto possível do mundo imaginário.

A estas técnicas podem juntar-se outras recolhidas de géneros literários afins. O fantástico em geral, e a fantasia em particular, propõem visões alternativas e múltiplas do mundo e do homem. A carga mítico-simbólica presente nestas obras tende a apontar para um passado «mágico», o que não faz, necessariamente, com que as fantasias sejam meras nostalgias literárias, reaccionárias e escapistas. Através da recuperação e reelaboração de elementos histórico-culturais de épocas anteriores, juntamente com a activação de estruturas mentais específicas, as fantasias propõem o restabelecimento do equilíbrio psíquico perdido pela sobrevalorização da consciência e dos esquemas lógico-racionais que caracterizam a sociedade ocidental desde o século XVIII.

Ao contrário do que às vezes se pensa, a valorização da «visão fantástica» não tem por objectivo substituir a componente racional pela irracional. Não se pretende dar primazia às estruturas do inconsciente sobre as da consciência, nem tão pouco se propõe que, face aos limites evidentes das noções consensuais de realidade, estas sejam substituídas pela pura fantasia. A importância da consciência no funcionamento psíquico do homem moderno ocidental é um dado concreto inalienável, a causa primeira da sua evolução, e condição basilar da liberdade do indivíduo. As estruturas da consciência são fundamentais para o relacionamento do ser humano com o mundo que o rodeia e com os outros. Porém, a consciência não é função única no psiquismo humano, um compartimento estanque que permita ignorar tudo o resto. Do mesmo modo que o mundo não existe em função de uma espécie, a humanidade não partilha, na sua totalidade, da Weltanschauung ocidental. A realidade impõe a todo o momento o confronto com a heterogeneidade cultural, social, política, económica e religiosa como característica do mundo em que vivemos."

Excerto de A Problemática do Espaço em "O Senhor dos Anéis" de Maria do Rosário Monteiro (no prelo).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A literatura fantástica

"Quando se menciona a expressão 'literatura fantástica' várias reacções surgem de imediato. Para uns ela significa um género literário menor, marginal, uma literatura de mera fruição que se lê, despreocupadamente, durante as férias, ou ainda algo que é próprio para crianças ou jovens. Outros, quando confrontados com obras fantásticas de autores consagrados da chamada mainstream literature, isto é, da principal corrente literária aceite pelo público e por críticos como sendo 'a grande literatura', consideram-nas meros devaneios do 'génio', episódios sem significado de maior, ou resultados de uma moda, efémera como todas. Há, também, os que lêem quase exclusivamente obras fantásticas, enaltecendo as suas qualidades com o mesmo vigor com que outros as desprezam. Referindo ainda casos extremos de aceitação e de recusa da qualidade literária de obras pertencentes ao género fantástico, lembro aqueles que, extrapolando para além de limites admissíveis, defendem que toda a literatura é fantástica. Outros, colocando-se no extremo oposto, afirmam que tal género literário não existe, porque o fantástico não é sequer uma categoria do pensamento .
Estas posições antagónicas, ditadas muitas vezes pela emoção, estão na origem de certas afirmações pseudocientíficas claramente levianas produzidas em relação a este género literário. Para alguns críticos esta forma de expressão artística pertence à literatura popular, marginal à mainstream literature, tradicionalmente definida como mimético realista. Por isso, o fantástico é frequentemente considerado indigno de um estudo profundo, crítico e rigoroso. Rosemary Jackson, na obra Fantasy: The Literature of Subversion, refere-se a este comportamento da crítica literária e afirma que 'ao longo da sua história o fantástico tem sido ignorado e fechado à chave, enterrado como algo inadmissível e vergonhoso. [...] sistematicamente rejeitado pelos críticos como tratando-se de uma cedência à loucura, à irracionalidade ou ao narcisismo, [o fantástico] tem sido contraposto às práticas mais humanas e civilizadas da literatura realista.'"

Excerto de A Problemática do Espaço em "O Senhor dos Anéis" de Maria do Rosário Monteiro (o próximo livro que publicaremos, este Outono).

A criação de mundos fantásticos segundo Tolkien



"Tolkien foi um dos autores que mais pormenorizadamente dissertou sobre a problemática da criação de mundos fantásticos. No artigo 'On Fairy-Stories' afirma a necessidade de o mundo ficcional possuir leis que lhe dêem uma certa ordem e consistência: '[O escritor] cria um Mundo Secundário no qual a nossa mente pode penetrar. Dentro dele, o que [o escritor] narra é «verdadeiro»: está de acordo com as leis desse mundo. Por isso [o leitor] acredita enquanto permanece, por assim dizer, dentro desse mundo. No momento em que a descrença surge, o feitiço quebra-se; a magia, ou antes a arte, falhou. Então [o leitor] está de novo no Mundo Primário, observando, do exterior, o pequeno e abortado Mundo Secundário'. É a arte do escritor que confere ao mundo fantástico a consistência e a verosimilhança necessárias para que o leitor se possa integrar nesse mundo, pelo menos durante o tempo que dura a leitura: 'Criar um Mundo Secundário no qual o sol verde seja credível [...] requererá, provavelmente, trabalho e concentração intelectual, bem como exigirá uma capacidade específica, uma espécie de arte élfica. Poucos são os que tentam tais empreendimentos. Mas quando o fazem com êxito, estamos perante uma proeza rara da Arte, da arte narrativa na sua primeira e mais potente forma'. Para que o mundo fantástico possua consistência e verosimilhança o autor tem de recriar os elementos do mundo real, dando-lhe novas propriedades, novas formas, eventualmente novos nomes. As raízes do mundo fantástico têm de estar inevitavelmente mergulhadas no mundo real."

Excerto de A Problemática do Espaço em "O Senhor dos Anéis" de Maria do Rosário Monteiro (o próximo livro que publicaremos, este Outono). Ilustração: The Lonely Mountain por Tolkien.