terça-feira, 28 de junho de 2011

Treze ou vinte e três

"Só os bens essenciais manterão a taxa mais reduzida." (in Diário de Notícias, 28.06.11)
Eis possivelmente o primeiro grande teste à suposta influência do novo Secretário de Estado da Cultura. Conseguirá ele fazer valer a tese que supostamente terá guiado a sua carreira até aqui, a de que os livros são produtos culturais de primeira necessidade, logo "bens essenciais" à vida cultural, e convencer o Governo a não subir o IVA dos livros? Sabendo-se, contudo, da grande conta em que se tem a leitura e os livros por cá, não é de admirar que em breve se aplique a estes uma taxa de IVA de 13% ou até de 23%.

"Grupos editoriais de referência"

"A fim de valorizar o papel da Cultura portuguesa no Mundo o Governo irá sistematizar o programa de tradução de literatura portuguesa no estrangeiro, com o objectivo alargá-lo a todos os países da União Europeia no prazo da legislatura, com apoio do MNE/Instituto Camões e a participação dos grupos editoriais de referência." (do PROGRAMA DO XIX GOVERNO CONSTITUCIONAL, p. 122)

A fim de tornar as coisas mais claras, o Governo devia era começar por definir exactamente o que são "grupos editoriais de referência". Sabendo-se que Francisco José Viegas, o recém-empossado Secretário de Estado da Cultura, vem de um desses supostos "grupos editoriais de referência", a Porto Editora, tal esclarecimento, bem como o dos critérios (o mercado? a Academia? os "tops"?) que aferem de tal "referência", seria benéfico para todos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Do estado da imprensa literária

De um email recebido hoje (o nome do jornal em questão foi omitido, o resto é transcrito ipsis verbis, com negritos nossos)

"Infelizmente, o .......... terá de colocar um fim à secção livros, pelo menos nos moldes actuais [...]. Devido à falta de meios humanos no nosso jornal, diariamente era obrigado a fazer as manchetes e o trabalho duro da secção em casa, após o horário normal do .......... (e aos fins-de-semana nem se fala, actualizando o que estava em atraso), já que a prioridade do jornal, no que me diz respeito, é o Desporto (e durante esse horário aproveitava para dar as vossas novidades, lançamentos e notícias)."

Entre "guerras das estrelas" e polivalência, assim vai a nossa imprensa "literária", impressa ou online, que parece não ter aptidão ou meios para cobrir, criticar ou sequer mencionar a enorme quantidade e variedade de títulos publicados. E talvez vá sendo hora de começar a pensar que não, não se publica demais, sendo antes os jornais e revistas poucos, e esses poucos bem pouco capazes de estar ao nível dessa variedade de oferta.
(PM)