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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um ano de "Fome"



Somando e seguindo na atenção despertada em alguma crítica, FOME de Elise Blackwell volta a estar numa lista dos "melhores" de 2010. Desta feita, trata-se da lista de 1o títulos elaborada por Nuno Galopim no blogue Sound+Vision, que partilha com João Lopes.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

FOME é um dos melhores do ano



FOME de Elise Blackwell é um dos livros na selecção dos melhores do ano que a revista LER publica na sua edição de Dezembro. Temos de notar que já em 2009 a LER tinha considerado BURACOS NEGROS de Lázaro Covadlo um dos livros do ano.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Pequeno mas precioso"

Desta feita, as palavras sobre FOME de Elise Blackwell são de Rui Bebiano, no seu blogue A Terceira Noite:

"Fome pode, portanto, ser lido como estranha homenagem de uma americana nascida em 1964 em Austin, Texas, a um punhado de autênticos heróis soviéticos dos tempos de resistência ao nazismo e ao estalinismo. E evoca, assumindo-se embora como «relato ficcional desse tempo e lugar», um triste e extremo exemplo da perversão sempre inerente ao casamento da «ciência certa» com o poder absoluto."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Uma pequena obra maior"


Pode parecer um paradoxo, mas o texto de José Guardado Moreira na última LER, pág. 55 (Setembro) é bem claro quanto à qualidade de FOME de Elise Blackwell. Clique para ler na íntegra.

sábado, 4 de setembro de 2010

Press clipping



Referências na imprensa a FOME de Elise Blackwell: "Actual" (Expresso, 14.08.10), Os Meus Livros (Setembro 2010) e Jornal de Letras (25.08.2010). Clicar para ler e ver com detalhe.

"Um pequeno livro de leitura tão saborosa..."

Palavras de Nuno Galopim sobre FOME de Elise Blackwell. Texto completo para ler aqui (publicado previamente a 21 de Agosto no DN Gente).

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Entrevista a Elise Blackwell



Eis uma entrevista a Elise Blackwell, autora de FOME.

Quando é que surgiu a ideia de escrever FOME?
Depois de fazer uma pós-graduação dei por mim a viver numa propriedade perto da fronteira mexicana, entre San Diego e Tijuana. Ajudei a tratar das árvores de frutos que já estavam plantadas e ajudei também a plantar vegetais e outras plantas. Juntei-me ao Seed Savers Exchange, que é um grupo de agricultores e jardineiros de todo o mundo que trocam sementes raras e antigas. Foi numa das suas publicações que descobri a história do que se tinha passado no Instituto Vavilov durante a II Guerra Mundial. Havia uma foto do herbário do Instituto, com armários de madeira e filas de gavetas estreitas. Lembrava-me as salas onde passei grande parte da minha infância. Mas o que me causou grande impressão foi a foto de Vavilov tirada na prisão. Quando a vi soube que iria escrever um livro sobre o seu trabalho.



O facto de ambos os seus pais serem botânicos foi importante na escolha da história?
Talvez mais do que eu queira admitir, mas teve, pelo menos, alguma importância. Embora não conhecesse a história dos cientistas que tinham morrido para proteger o seu trabalho, tinha sabido de Nikolai Vavilov pelos meus pais. E, por causa deles, também conheci outros biólogos e assisti às suas reuniões. O meu conhecimento do tipo de trabalho que eles fazem ajudou muito, estou certa, sobretudo porque estava a escrever sobre um local tão longínquo.

O narrador sem nome é um personagem muito frio, clinicamente objectivo, quase destituído de paixão dir-se-ia. É também um mulherengo e, quando a situação se torna difícil, não tem quaisquer problemas em fazer o que os seus colegas e a sua mulher prometeram não fazer. Para uma mulher estreante na ficção, foi um grande desafio escrever uma personagem assim?
Vou contar um segredo: Fome não foi a primeira novela ou romance que escrevi, apenas a primeira que foi publicada. Ainda assim, sei que há uma tendência, mesmo em romancistas que já publicaram um primeiro livro, de se basearem em material autobiográfico, mas aqui estava eu a pegar num narrador tão distante da minha própria identidade e experiência de vida quanto possível. Ainda que não me considere fria nem tenha uma mentalidade “clínica”, acabei por desenvolver uma espécie de simpatia por ele, em parte graças a ligações que me obriguei a fazer. (Por exemplo, a sua fruta favorita é a minha também: a manga). Também acabei por admirar o seu desejo de experimentar. Pode ter uma mentalidade clínica mas tem uma paixão pela vida, o que no seu caso, claro, inclui comida e mulheres. Num outro tempo e num outro lugar, talvez tivesse provado ser alguém mais honrado, mas a sua coragem é apenas física e não moral ou psíquica.

As duas mulheres na vida do cientista, Alena e Lídia, são muito diferentes uma da outra, quase opostas. Será que poderíamos considerá-las como espelhos para os dois lados dessa personagem, o homem racional com Alena e o homem de apetites com Lídia?
Não decidi, de forma consciente, escrevê-las assim, mas acho que poderia concordar com essa análise. E, na verdade, esses dois lados existem em todos nós. Vejo Alena – pelo menos a versão dela que é idealizada pelo narrador – como a pessoa que ele gostaria de ser. É totalmente racional, e nunca tem qualquer dúvida sobre se irá ou não fazer o que está certo. (Acho realmente que a idealização que o narrador faz de Alena e do seu sacrifício o impede de dar valor às emoções dela, em particular no episódio da criança, a Albertine). A Lídia é a pessoa que ele receia bem ser: uma sensualista egocêntrica. Tal como o narrador, ela raramente se nega o que deseja e é também uma espécie de coleccionadora, quer seja de plantas ou de homens. No fim, ele descobre que pode também tê-la subestimado um pouco.

Com a ameaça de demolição da estação experimental de Pavlovsk, que poria um fim à colecção de sementes de Vavilov, acha que a Leninegrado de 1942-43 está já no processo de se transformar numa outra Babilónia, num outro nome do passado, belo mas sem sentido (tal como Paul Valéry escreve no poema que usou como epígrafe do livro)?
Ainda tenho alguma esperança no que toca à estação de Pavlovsk, agora que o presidente Medvedev prometeu uma investigação. Mesmo que o bulldozer arrase Pavlovsk – por muito horrível que isso possa parecer – não se trata de toda a colecção Vavilov. Um sinal promissor é que Vavilov é ainda um herói para muitos russos. O seu nome e o seu trabalho ainda fazem sentido, ainda mexem com as emoções. Por isso, talvez ainda não Babilónia, mas essa palavra, “Babilónia”, serve para nos lembrarmos que civilizações inteiras, apesar de ricas e complexas, podem ser obliteradas. Há muito bom trabalho a ser feito no campo da defesa das sementes, e o Silo de Svalbard na Noruega alberga agora meio milhão de sementes, mas muito do que se vê a ser feito na agricultura por todo o mundo sugere que a nossa civilização não planeia estar cá para sempre. Mas paro aí, porque sou uma romancista e não uma cientista ou uma futurologista.

© Livros de Areia Editores, 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

"O jardim suspenso de Leninegrado"



Assim se entitula o texto de José Mário Silva na edição da Actual (EXPRESSO) de hoje (pp. 36-37), no qual o crítico não se coíbe de considerar FOME de Elise Blackwell como uma "belíssima novela, de construção narrativa quase perfeita". O livro merece cinco estrelas e uma chamada na capa para a sua autora.
Lembramos que a colecção de sementes de Nikolai Vavilov, que está no centro dramático da novela, está em risco de ser destruída por estes dias.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sementes e patos bravos

Um dos elementos centrais da narrativa de FOME de Elise Blackwell, a enorme colecção de sementes começada em 1926 pelo botânico Nikolai Vavilov (morto numa prisão estalinista em 1943) e albergada que no que viria a ser chamado Instituto Vavilov em Leninegrado (agora São Petersburgo), corre risco de extinção. O que os Nazis, a inclemência do clima russo e os orçamentos reduzidos não conseguiram ao longo de décadas, o camartelo da "Nova Rússia" está prestes a fazer, com a destruição iminente da estação experimental de Pavlovsk, onde se acolhe agora a colecção de sementes. As mesmas que umas dezenas de cientistas prometeram proteger da sua própria fome e da dos outros, e que parecem não ter qualquer valor para os novos patos bravos russos. Para ler aqui e aqui.
Addendum: Elise Blackwell foi convidada pela revista Atlantic a escrever um texto sobre esta situação, que pode ser lido aqui.

sábado, 31 de julho de 2010

Memórias de Leninegrado no "Inverno da Fome"











FOME de Elise Blackwell, com tradução de Safaa Dib. Pode ler aqui um excerto. Lembramos que o PressKit contém uma amostra de algumas páginas da nossa edição

sexta-feira, 30 de julho de 2010

When the war came



Elise Blackwell escreveu FOME, uma novela sobre o dilema de um brilhante botânico russo do Instituto Vavilov em Leninegrado, durante o cerco de 900 dias pela tropas de Hitler: salvar a sua honra e a do instituto e fazer o que a sua mulher e os seus colegas decidiram (não comer as sementes armazenadas),... ou salvar-se a ele mesmo.

Os Decemberists usaram a novela como mote para comporem "When the War Came", publicada no álbum The Crane Wife (2006). Eis a letra:

With all the grain of Babylon
To cultivate to make us strong
And hidden here behind the walls
Are shoulders wide and timber on
'Til the war came
'Til the war came

A terrible autonomy
Is grafted onto you and me
Our trust put in the government
They told their lies are heaven sent
'Til the war came
'Til the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

We made our oath to Vavilov
We'd not betray the Solanum
The acres of asteraceae
To our own pangs of starvation
When the war came
When the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

With all the grain of Babylon

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Sei que a redenção, se possível, é irrelevante"



Leninegrado, 1942. O cerco das tropas de Hitler vai obrigar os homens e as mulheres da cidade a compromissos e sacrifícios para além dos limites do admissível. No Instituto Botânico, Alena e outros cientistas juram protecção às sementes raras, mesmo na iminência da grande fome. Mas o marido de Alena, o nosso cuidadoso narrador, não está tão seguro assim... E quem consegue responder com segurança à pergunta: o amor e a honra podem mais do que a fome?

Escrito num estilo seco mas pleno de atenção aos detalhes psicológicos, FOME de Elise Blackwell propõe-nos uma história de um momento dramático na vida de pessoas corajosas e estóicas contada por alguém que não soube sê-lo. Ou melhor, por alguém a quem a guerra permitiu ver a natureza implacável da existência humana, e que decidiu agir em consonância:

"Mesmo agora, em dias frios, quando o meu estômago rosna, digo a mim próprio que ganhei direito à minha sobrevivên- cia. Mas em noites quentes, quando acordo encharcado em suor, sei que a redenção, se possível, é irrelevante. Um homem é governado por apetite e remorso, e eu engoli o que pude."


Fome foi elogiado por J.M. Coetzee, o Prémio Nobel da Literatura, pela sua originalidade.

sábado, 17 de julho de 2010

Fome: um excerto



Eis um excerto de FOME de Elise Blackwell, que se encontra disponível em PDF no Press-Kit deste título. O livro está já à venda nas livrarias, além de nosso blogue e site.

"Os voluntários de opolchenia, incluindo a minha Alena mas não eu próprio, debandavam como ratos. Apareceram abrigos, e trincheiras. Mulheres jovens perfuravam as peles enrolando arame farpado em torno de obstáculos que impediam os tanques de penetrar na cidade. Todos esperámos pelo ataque e preparámo-nos para defender a nossa cidade quarteirão a quarteirão, edifício a edifício, mão a mão.

Mas os tanques nunca entraram. Pararam nos limites da cidade, e quão mais simples tudo teria sido se tivessem continuado.


Em inícios de Setembro, as primeiras bombas de Hitler desceram – graciosas, e diria até hesitantes, vindas do alto. Os aviões Junker subiam e desciam, subiam e desciam,
deixando para trás depósitos de bombas incendiárias tão semelhantes a silte letal. Quando atingiram os armazéns Badayev, as filas estreitas de edifícios de madeira arderam rápido, e as gorduras armazenadas nas suas provisões emitiam um calor vermelho, tornando o céu incandescente e enchendo o ar como cozinha de Verão.

Aquilo que não ardeu foram uns poucos milhares de toneladas de açúcar, que acabaram por se derreter através das tábuas de madeira do chão para sobreviver, moldados
e marcados pelas caves, como caramelo. Este caramelo era partido em pedaços valiosos e vendido por dinheiro e sexo nos meses que se seguiram. Mas muito mais iria circular e ser pago como comida. [...]

O aquecimento acabou em finais de Setembro, e todos os canos de Leninegrado congelaram. Até à chegada da neve, tínhamos apenas para lavagem a água lamacenta do
Neva, transportada à mão em baldes."

terça-feira, 18 de maio de 2010

Em breve


Para muito breve, FOME de Elise Blackwell, com tradução de Safaa Dib. Pode ler aqui um excerto. Lembramos que o PressKit contém uma amostra de algumas páginas da nossa edição, que estará em breve em distribuição.

terça-feira, 9 de março de 2010

With all the grain of Babylon

Elise Blackwell escreveu Hunger (FOME, na nossa edição a sair em Abril), uma novela sobre o dilema de um brilhante botânico russo do Instituto Vavilov em Leninegrado, durante o cerco de 900 dias pela tropas nazis: salvar a sua honra e a do instituto e fazer o que a sua mulher e os seus colegas decidiram (não comer as sementes armazenadas),... ou salvar-se a ele mesmo.

Os Decemberists usaram a novela como mote para comporem "When the War Came", publicada no álbum The Crane Wife (2006). Eis a letra (a canção pode ser escutada aqui):

With all the grain of Babylon
To cultivate to make us strong
And hidden here behind the walls
Are shoulders wide and timber on
'Til the war came
'Til the war came

A terrible autonomy
Is grafted onto you and me
Our trust put in the government
They told their lies are heaven sent
'Til the war came
'Til the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

We made our oath to Vavilov
We'd not betray the Solanum
The acres of asteraceae
To our own pangs of starvation
When the war came
When the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

With all the grain of Babylon

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Adiados

Uma vez que se encontram ainda em trabalho de edição, e porque lançar livros à arena livreira de Dezembro nem os Romanos faziam, tanto A Simbólica do Espaço em O Senhor dos Anéis de Tolkien de Maria do Rosário Monteiro (lembramos: o primeiro ensaio sobre a obra-prima da literatura de fantasia escrito e publicado em Portugal) como Fome de Elise Blackwell serão adiados para depois da silly season das Festas e do Ano Novo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

J. M. Coetzee sobre Hunger

"In Elise Blackwell’s original and engrossing short novel, Leningrad during the German siege forms the background for an exploration of love and betrayal, as well as for some richly sensual evocations of the pleasures of eating." J. M. Coetzee

Fome, de Elise Blackwell

"As pessoas faziam de tudo para darem de comer aos filhos. Vendiam o que era valioso e sentimental. Matavam e cozinham animais domésticos estimados. Prostituíam-se. Prostituíam as crianças que precisavam de ser alimentadas. Roubavam, eram coniventes e matavam. Faziam as mulheres passar fome. Elas próprias passavam à fome.

Tantas vezes, uma dúzia de vezes, foi-me dito o quão sortudo era por não ter filhos, como era mais fácil para nós, com poucas bocas para alimentar, não ter de ouvir os gritos horrorosos, não ter de ver aqueles que amamos mais do que tudo, aqueles que dependem somente de nós, a sofrer. Oh, a responsabilidade, diziam as pessoas. E eu pensava, oh, a claridade.

Eu ansiava pela lucidez da paternidade durante os maus tempos – talvez na mesma medida que Alena tinha ansiado pelo amor e o doce cheiro de um bebé antes de os tempos se tornarem maus.
O território moral sombrio no qual caminhava ter-se-ia tornado uma paisagem inteiramente diferente com crianças. Quem culpa um pai por roubar se é para alimentar o filho pequeno? Um pai diz a si próprio: eu faço o que tenho de fazer para que a minha criança sobreviva a este tempo. Os pais podem fazer tudo o que lhes aprouver e dizer: temos que ter a certeza de que os nossos filhos sobrevivem, e nós temos que sobreviver para cuidar deles.

Eu não me podia dar a esse luxo. Não importava se vivesse, nem mesmo para mim. Mas não podia suportar a dor que existia entre mim e a morte. Era essa fome cinzenta, e não a própria morte, que temia, que evitava a custo de toda a honra. Como os políticos mais inteligentes sabem e repetem, os ideais nada são para o homem que se senta a uma mesa vazia."

Dilemas morais e sobrevivência na Leninegrado sitiada de 1941-43, recordados, muitos anos depois e em Nova Iorque, por um cientista com um terrível segredo. Eis Fome, um livro de Elise Blackwell , de que J. M. Coetzee disse em 2003 ser um dos melhores livros que já lera. Para breve, com tradução de Safaa Dib.