sexta-feira, 16 de abril de 2010

Como pagar com o PayPal

CRIAR UMA CONTA PAYPAL

1. No site da PayPal, clicar no link Sign Up.
2. Aqui, escolher o país, a língua de preferência e o tipo de conta a criar (PESSOAL, no caso), clicando em Abrir uma conta.



3. Preencher os dados pessoais básicos (email, password, nome, morada, país, telefone) e submetê-los. De especial importância é o email, pois passará a ser a sua "chave" para usar (pagar e/ou receber) o PayPal: trata-se do único dado que o receptor dos seus pagamentos irá conhecer (para além do seu endereço, para onde os bens adquiridos serão enviados). Tanto o seu número de conta como (se for o caso) o seu cartão de crédito serão do conhecimento apenas do PayPal.
4. Após a introdução desses dados e seu envio, a página seguinte permite escolher entre 2 modos de pagamento. Quem tiver cartão de crédito deverá escolher essa modalidade (a mais usada: se não tem um cartão de crédito, pode usar um método de cartão de crédito virtual como o MBnet). Quem não tiver cartão de crédito, pode agora escolher a modalidade de transferência da sua conta bancária para "carregar" a conta Paypal.



5. No caso de opção pela modalidade da conta PayPal, esta será mantida através de transferências a partir da sua conta bancária pessoal. O processo passa por uma conta no BES pertencente ao Paypal, cujos dados estão em baixo, e da qual o PayPal passará o dinheiro para a conta PayPal do utilizador (esta opção é recente, pois até ao ano passado o cartão de crédito era obrigatório).



6. Esteja atento à sua caixa de email (do email que deu na introdução dos seus dados), pois o PayPal contactá-lo-á após a criação da conta.
7. No primeiro acesso à sua conta, terá de a Verificar (torná-la reconhecida para pagamentos) através de um pagamento simbólico ao PayPal de 1,50 USD, que lhe será restituído posteriormente.
8. Todos os dados introduzidos neste processo são confidenciais e apenas do conhecimento do PayPal, e o site é seguro: não há sequer a possibilidade de guardar a password no seu browser. Não há qualquer obrigação de compra depois da criação da sua conta nem qualquer pagamento a fazer ao PayPal com excepção do pagamento simbólico referido em 7. Aconselhamos o uso da Ajuda do próprio PayPal.

PAGAR COM PAYPAL NO NOSSO SITE

1. Junto a cada título, quer na página inicial, quer na de Livros, quer nas páginas de cada livro, encontra um pequeno gráfico (devidamente identificado com o logo do PayPal) em baixo do PVP (também o encontra aqui no blogue, na coluna da esquerda):



2. Ao clicar nesse gráfico está a adicionar 1 exemplar desse livro ao seu "carrinho de compras" virtual, onde tem listadas as suas compras por título, quantidade e valor (em Euros). Uma vez aí, pode decidir continuar a comprar (clicando no botão respectivo e voltando ao site) ou proceder imediatamente à sua compra clicando no botão de fundo amarelo.



3. Isso fará com que entre na sua conta PayPal.



4. Aqui, o valor total e final da sua encomenda ser-lhe-á indicado e terá apenas de a confirmar ao clicar em Pagar agora.



5. Se decidir fazer uma encomenda de mais de 1 título ou de vários exemplares de 1 título (Deus lhe pague e guarde por muitos e bons e lhe dê saudinha), pode ir controlando o estado do seu carrinho clicando no gráfico à esquerda do logo PayPal nas páginas individuais dos livros, e que se encontra também na página inicial, na página geral de Livros, na da Loja e na das Encomendas.



6. Se ainda assim se sentir inseguro/a quanto ao pagamento directo por PayPal, ou precisar de alguma informação nossa, sugerimos que preencha os seus dados na nossa página de Encomendas e marque PayPal como modo de pagamento. Entraremos em contacto consigo.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lázaro Covadlo em Viagem







Lázaro Covadlo, autor de CRIATURAS DA NOITE e BURACOS NEGROS, chega este fim-de-semana a Matosinhos para participar no programa do Literatura em Viagem. Aqui ficam alumas fotos da sua presença no Correntes d'Escritas de 2007. Lembramos que ambos os livros foram traduzidos por Francisco Guedes, co-responsável pela organização de ambos os eventos.

Do Anonimato



Às almas mais sensíveis, certamente ainda chocadas com o que se leu aqui, a Gerência tem a comunicar o seguinte: não somos apologistas de qualquer tipo de censura à comunicação através das caixas de comentários, e isto abrange o anonimato. Quem não quer ler o que os visitantes do seu blogue têm para escrever, em momentos de lucidez inspirada ou de "cabeça perdida", não deve moderar: deve cancelar a caixa de comentários e passar a falar sozinho (receita que, segundo Edmund Blackadder, era o segredo para conversas inteligentes).

Apenas variamos de "estilo" no que toca às respostas: usamos os anónimos mais ariscos como punching bags verbais, agradecendo-lhes a chance do exercício e socando ao seu nível, ainda que sempre segundo as regras do Marquês de Queensbury; para os anónimos com algo pertinente a informar, e para os comentadores identificados, reservamos a nossa face mais curial. Os comentários que, apesar do anonimato e do estilo abaixo de obsceno, nem sequer nos conseguirem fazer rir, nem mesmo sorrir, serão, como é óbvio, eliminados.

E um conselho final, em tom ecuménico: se vindes aqui insultar ou aliviar a tensão, irmãos, fazei-o com estilo, com panache (para os saudosos da francofonia), com wit (para os nossos anónimos anglófilos). Sois, afinal, consumidores de algum tipo de literatura para virdes parar a um blogue de uma editora: provai-o, então, no que escreverdes.
(A Gerência)

Forum Fantástico regressa

Eis uma boa notícia. Depois de um ano de hiato, o Forum Fantástico regressará, como sempre na rentrée. Melhor notícia ainda: o local será no excelente auditório da Biblioteca de Telheiras, onde há quase 5 anos nos apresentámos. Local perfeito para voltarmos, desta feita para podermos apresentar A Simbólica do Espaço em 'O Senhor dos Anéis' de Tolkien de Maria do Rosário Monteiro, o primeiro ensaio publicado em Portugal sobre a obra máxima de Tolkien e também O Som das Formigas Brancas de Brian Howell, mais um nome totalmente desconhecido por cá que apresentaremos a quem gosta de livros diferentes. Parabéns, pois, ao Rogério Ribeiro e à Safaa Dib pela teimosia e determinação.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Saldos de Primavera


Com o tempo mais quente, diminuem as roupas e com elas o número de bolsos onde levar as notas e moedas. Se à subida do mercúrio adicionarmos a escalada da crise, não faltam apenas os bolsos para carregar o dinheiro: falta, sobretudo, a coragem para o gastar.
Sempre atentos a este facto, lançamos os nossos Saldos de Primavera, a saber: pack "Chance+Criaturas" (composto pelos livros CHANCE de Jerzy Kosinski e CRIATURAS DA NOITE de Lázaro Covadlo) a 19,99 Euros sem encargos de Portes (encomendar a partir da nossa página de Encomendas ou da Loja), e desconto de 50% na compra via Paypal dos livros O SONHO DE BORGES (apenas 8 Euros), CHANCE (apenas 7,25 Euros) e A SEREIA DE CURITIBA (apenas 8,50 Euros). Isto além do desconto de 12% sobre TODOS os títulos à venda no nosso site e blogue, e da OFERTA do PDF da nossa edição de DISNEY NO CÉU ENTRE OS DUMBOS (procurar secção Oferta na coluna da esquerda do blogue).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Da (endémica) falta de memória



Desde que surgiu na "cena", a Leya agigantou-se. E, tal como em todos os seres afectados pelo gigantismo, o seu sistema nervoso central parece não ter acompanhado tão célere acréscimo de massa (em todos os sentidos da palavra...), revelando, aqui e ali, preocupantes sinais de disfunção. É no que toca à relação deste gigante com a memória que esses sinais são mais óbvios: destruição de livros antigos das suas próprias chancelas, descaracterização quando não omissão da tradição e história das mesmas, alguns problemas no que toca ao conceito de "apropriação" de imagens sem creditação de fontes... Ora, parece que esta endemia mnésica começa a afectar alguns autores recentemente adstritos à marca. O caso em causa é o de João Barreiros.

Lê-se, a páginas quarenta e seis do volume Se acordar antes de morrer que a Gailivro-Leya acaba de publicar deste autor:

"O conto [Disney no Céu entre os Dumbos] ficou 20 anos na gaveta. Até ser publicado primeiro online e depois em Espanha, nas Edições Bibliópolis, a fazer companhia à «Verdadeira Guerra dos mundos». (...) Vinte anos de espera até que uma narrativa se torne compreensível aos olhos do mundo? Ser primeiro publicado lá fora do que neste nosso cantinho? Será uma razão para ficar triste ou alegre? Decidam vocês."

E eis como, certamente por contágio, um autor de quem publicámos precisamente (e unicamente) esse conto/noveleta em 2006 omite ou esquece qualquer referência a essa edição (limitada a 200 exemplares, numerados e assinados pelo próprio) quando chamado a escrever sobre ela. Publicação secreta? De todo: o seu lançamento foi bem público, e com testemunhas, no Fórum Fantástico desse ano. Podemos provar ao menos que a edição existe? Dependendo do crédito que os queridos leitores dão à imprensa escrita, a edição foi referida, e se a nossa própria memória não falha (o vírus parece forte), no extinto suplemento "6a" do Diário de Notícias em 2006 e, mais recentemente, no suplemento "TABU" do Sol (neste caso, a imagem que acompanha o post – a da página 51 do suplemento de 22.01.2010 – serve de prova, sendo que a proximidade da foto do autor à reprodução da capa pode, esperamos, ajudar no processo da urgente recuperação). Mas – poderá insistir o mais céptico – o livro chegou a estar à venda? Não só esteve como foi vendido, e continua a sê-lo, tanto pelo nosso site como em livrarias como, por exemplo, aquela que se chama... ai, a memória, esperem... tem nome francês... ah, pois, a Bertrand.

Porque acreditamos no poder vivificante da terapia, estamos decididos a ajudar o autor nessa dura caminhada. Assim sendo, decidimos oferecer gratuitamente em formato PDF a nossa edição de 2006 de Disney no céu entre os Dumbos, esperando que isso possa contribuir para a rápida recuperação de todas as suas capacidades mnésicas. Estará em breve disponível, aí na coluna da esquerda do blogue e no nosso site também.

Addendum: à laia de remate, permitimo-nos transcrever um pequeno parágrafo da (diga-se, excelente) introdução de João Barreiros à nossa edição de Novembro de 2006:

"Mas a verdade é que DISNEY NO CÉU ENTRE OS DUMBOS permaneceu na gaveta, aninhado entre as 'obras malditas'. Até que o publicaram online. E depois em Espanha. E agora, finalmente, em Portugal, vinte anos depois." (Disney no céu entre os Dumbos, Livros de Areia, 2006, p. 7)

Ou seja:
1. Mais de três anos depois, o autor não se lembra da mesma edição de 2006 que reconheceu na própria introdução que escreveu para ela, facto curioso se considerarmos que o texto de introdução ao conto em causa na nova edição da Gailivro parece ser ter sido adaptado desse mesmo texto introdutório que publicámos;
2. A edição online (que, supostamente, e para alguns, a Livros de Areia não tinha "reconhecido" nessa edição) fica reconhecida e fixada pelas palavras do próprio autor publicadas por nós.

João Barreiros é um estimável e original autor que mereceria mais, certamente, do que pequenas editoras como a nossa, merecendo até já uma carreira internacional há alguns anos. Esta pequena atribulação de memória será, cremos, passageira e devida a recentes associações com entidades menos dadas ao culto dos registos do passado e muito adeptas da destruição de edições antigas que possam desvalorizar o produto "novo" no mercado.

domingo, 4 de abril de 2010

Gratuito




Em breve ofereceremos para descarga gratuita em formato PDF (em resoluções para leitura e impressão) o conto Disney no céu entre os Dumbos de João Barreiros, uma edição limitada, assinada e numerada pelo autor, que lançámos no Fórum Fantástico em 2006. Lembramos contudo, e como é óbvio, que apenas a edição impressa (ainda disponível para compra online ou em livrarias) contém a assinatura do seu autor. Para os que gostam de referências para os seus livros de colecção, lembramos que a capa da nossa edição foi já reproduzida na imprensa portuguesa (por exemplo, no extinto suplemento "6a" do DN e, mais recentemente, no suplemento "Tabu" do jornal Sol).

A (nossa) pulga atravessa o Atlântico



A pedido do próprio autor, a editora argentina Libros del Naufrago vai colocar na capa da sua edição de Criaturas de la noche de Lázaro Covadlo (a primeira edição na Argentina desta novela) a mesma ilustração que a nossa edição apresentou e que, lembramos, foi seleccionada para a exposição internacional Gateways (e respectivo catálogo) em 2008. Temos a agradecer também a amabilidade do editor Juan Ignacio Quijano.

domingo, 14 de março de 2010

Bang! número sete


Pode ser ainda sujeita a pequeninos acertos gráficos e de conteúdo, mas a Bang! (formato A4, 72 páginas) renasceu numa encarnação muito estimulante. Aliás, o contraste com a pálida encarnação anterior é tão grande que podemos mesmo afirmar que, finalmente, a Bang! apareceu a sério. Muito bem impressa (pela Publidisa, que faz os nossos livros desde 2005), esta revista é a prova da coragem do editor Luís Corte-Real e da Saída de Emergência em continuar a acreditar na viabilidade de uma revista de nicho. Concordamos com essa viabilidade (mais até, com essa necessidade), pelo que só temos a pedir aos curiosos e a quem ainda não comprou a revista que o faça: a versão impressa é realmente boa. As encomendas podem ser feitas aqui.

terça-feira, 9 de março de 2010

With all the grain of Babylon

Elise Blackwell escreveu Hunger (FOME, na nossa edição a sair em Abril), uma novela sobre o dilema de um brilhante botânico russo do Instituto Vavilov em Leninegrado, durante o cerco de 900 dias pela tropas nazis: salvar a sua honra e a do instituto e fazer o que a sua mulher e os seus colegas decidiram (não comer as sementes armazenadas),... ou salvar-se a ele mesmo.

Os Decemberists usaram a novela como mote para comporem "When the War Came", publicada no álbum The Crane Wife (2006). Eis a letra (a canção pode ser escutada aqui):

With all the grain of Babylon
To cultivate to make us strong
And hidden here behind the walls
Are shoulders wide and timber on
'Til the war came
'Til the war came

A terrible autonomy
Is grafted onto you and me
Our trust put in the government
They told their lies are heaven sent
'Til the war came
'Til the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

We made our oath to Vavilov
We'd not betray the Solanum
The acres of asteraceae
To our own pangs of starvation
When the war came
When the war came

And the war came with a curse and a caterwaul
And the war came with all the poise of a cannonball
And they're picking out our eyes by coal and candlelight
When the war came, the war came hard

With all the grain of Babylon

segunda-feira, 8 de março de 2010

Maria como as outras, afinal

A holding Leya (detentora de quase metade do mercado da edição portuguesa) veio reconhecer que a destruição de milhares de exemplares de edições históricas de algumas das suas chncelas foi uma medida "extrema", mas causada pela inexistência de "alternativas". Afinal, a mesma Leya que tomou de assalto a Feira do Livro de Lisboa em 2008, criando medidas de excepção para erigir uma pequena feira-dentro-da-feira, a mesma Leya que anda a comprar (ou a tentar) editoras e livrarias no Brasil, a mesma que parece rir-se dos que ainda se lembram da legislação anti-trust, é, afinal, como todas as outras, como nós até (meu deus, a emoção!), escrava da "falta de alternativas", sem espaço de armazenamento, sem vias de escoamento e valorização de livros procurados de autores de culto.

Recompondo-me do frémito emotivo que me assaltou, desta vaga de empatia pelo pobre Golias, e tendo lido e concordado em parte com o texto de Hugo Xavier sobre o assunto, devo apenas dizer que me parece que a Leya procura uma imagem de excepção e força quando lhe convém, mas que, quando o Miguel Esteves Cardoso os manda "foder" e a Ministra da Cultura pede explicações (ela, cujo ministério, infelizmente, teria de dar também muitas explicações sobre a negligência e o laissez-faire no que toca ao comércio do livro...), se refugia numa imagem de Maria com as outras, e tão Maria como elas. Tratar esta poderosa holding (com capacidade, mas não vontade, de criar alternativas a estas práticas tradicionais) como apenas mais um caso de editores-a-fazerem-o-que-todos-os-outros-editores-fazem é, precisamente, fazer o jogo dela.
(PM)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Lázaro Covadlo em Matosinhos





O autor de BURACOS NEGROS e CRIATURAS DA NOITE estará no LeV - Literatura em Viagem em Matosinhos, em Abril. Lista completa de autores aqui.
Nas fotos: Lázaro Covadlo entrevistado por Paula Moura Pinheiro ("Câmara Clara") no Correntes d'Escritas em 2007.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dois editores


Dois documentários de algo difícil acesso (esqueça quem quiser "sacá-los"...), sendo que Feltrinelli se consegue obter apenas através do ebay ou da Amazon alemãs. Mas, até por essa dificuldade de acesso e pela raridade do seu tema (editores quase nunca dão histórias que possam interessar a documentaristas), trata-se de duas verdadeiras recompensas para quem quiser conhecer a história (ou melhor, e como sempre, as histórias sem maiúscula) por trás de duas das figuras mais entusiasmantes da edição mundial dos anos de 1950 e 1960, possivelmente as duas últimas grandes décadas para se estar nisto dos livros. Essas histórias chegam-nos de forma diferente: num filme, o objecto de estudo está ainda vivo e com excelente memória (e verve), mas já nada tem do que o fez grande há 50 anos; no outro, andamos atrás de uma sombra, difícil de definir, mas que deixou um pequeno e bem palpável "império".

Obscene é, a pretexto de uma homenagem à Grove Press (cujo catálogo faz hoje parte da holding Grove Atlantic), uma viagem pela tão heróica como patética carreira de um dos maiores editores independentes americanos do século XX. Tal como James Laughlin da New Directions (outro nome à espera de um bom documentarista), Barney Rosset entrou na edição graças ao empurrão de um generoso pecúlio familiar, mas um espírito inquieto e a vontade de arriscar fê-lo fazer e perder várias fortunas até ao momento em que foi afastado (o termo é eufemístico) da editora que comprara por tuta e meia nos anos 40 e que transformara num potentado da cena indie nova-iorquina. Os anos dourados foram de 1950 a 1970, e nesses a Grove, além de fazer muito dinheiro com um catálogo que incluía a nata da vanguarda europeia e americana, a melhor banda desenhada francesa e novelas anónimas soft porn da era vitoriana, ganhou em tribunal todas as batalhas que faltavam para pôr fim à censura sobre a literatura na América: as edições de Henry Miller e D. H. Lawrence, tal como livros mais contemporâneos como Naked Lunch e Last Exit to Brooklyn foram não apenas best-sellers, como estandartes numa luta à morte pela liberdade de expressão. Daí a sua amizade e parceria pontual com Maurice Girodias, o excêntrico editor irlandês radicado em Paris que, com a sua Olympia Press, travava as mesmas batalhas na Europa.

O documentário de Neil Ortenberg e Daniel O'Connor (Arthouse Films, 90 min.) segue a estrutura das talking heads (onde até Gore Vidal acede a dar um testemunho) articuladas com material de arquivo para criar o retrato de um homem que teve quase tudo nas mãos (a Grove chegou a ter uma chancela de paperbacks a par dos seus hardbacks, coisa impossível a outras editoras independentes da altura e ainda hoje) e, ou por forças externas (uma improvável conspiração entre feministas radicais e o FBI?), ou pela força dos seus próprios demónios, acabou por deitar tudo a perder. O Rosset deste filme é já um simpático espectro do que foi, e assim o vemos entre o seu pequeno apartamento no último andar de um prédio velho na Village e uma visita a uma parcela de um vasto terreno junto à praia, que um dia ele comprara por capricho.

O mais rico e famoso editor europeu dos anos 60, que chegou a ter dois palácios em seu nome, que publicou Pasternak e Che Guevara e negociou até ao último cêntimo a autobiografia de Fidel Castro com o próprio, e que foi encontrado morto num descampado perto de Milão em 1972, com um nome falso e quilos de explosivos, é hoje uma memória vaga de tempos turbulentos, apesar da sua herança cultural estar viva e próspera. Giangiacomo Feltrinelli está ausente de Feltrinelli de Alessandro Rosseto (Pandora Film, 80 min.), mas a sua aura faz-se sentir em todos os planos deste filme. A sua história trágica está ainda no rosto do filho Carlo (autor da biografia do seu pai) e nos silêncios e pausas dos testemunhos de alguns que o conheceram. Ao contrário de Obscene, onde a história da editora é um pretexto para se tentar descobrir o homem por trás dela, aqui partimos da figura enigmática, esquiva de Feltrinelli (dos registos possíveis da sua vida e carreira, que incluem alguns filmes admiráveis feitos em Cuba) para descobrir o que dela resta nos corredores, salas de reunião e pessoas que hoje constituem uma das mais importantes editoras europeias. Rosseto filma uma espécie de diário de alguns dias de frenética actividade de Carlo, o director, e da sua mãe, Inge Feltrinelli, a "eminência parda" da editora, que incluem uma visita a Frankfurt, lançamentos de livros de Amos Oz e Doris Lessing, uma sessão de edição de texto, uma reunião na sede de livreiros da cadeia Feltrinelli, e mesmo uma visita ao cemitério onde o editor está sepultado.

O eco dos "anos de chumbo" na Itália dos anos de 1970, para os quais a actividade clandestina e a morte brutal de Feltrinelli em 1972 contribuíram com uma dose substancial de paranóia, é bem notório nas memórias de alguns dos que, no gabinete de Carlo, acedem a falar para a câmara sendo que o testemunho do primeiro livreiro da empresa, que foi também a última pessoa a falar com Feltrinelli antes da sua última "missão", dá um retrato nítido do momento mental na vida do editor "clandestino" e do país por aqueles anos. Rosseto, sabiamente, apercebe-se que definir esta personagem está acima das suas possibilidades (nem Carlo no seu excelente livro o consegue: restam excertos de cartas e ensaios e muitas perguntas do biógrafo-filho), filmando (e muito bem, a fotografia é esplêndida) com a liberdade de quem apenas está a olhar. Mesmo na última cena, em que Carmen Balcells prova que, ainda que de forma radicalmente diferente, a luta de Carlo como editor continua a herança do pai, e que se trata, de facto, de uma luta pela civilização, Rosseto sabe manter a mesura de um observador. Feltrinelli é, sobretudo, o filme sobre de um homem da palavra que descobriu que a palavra não chegava e que procurou outra solução (um pouco como Mishima pela mesma altura e num campo político oposto). Que, a dias de fazer rebentar involuntariamente os explosivos que por então aprendia a fazer, esse homem tenha tido a calma de depositar nas mãos da mulher e do filho o futuro de uma editora que pouco já lhe dizia, eis apenas mais uma peça deste puzzle para sempre incompleto.

Como prometido

Eis aqui, como prometido, as minhas reflexões sobre a segunda edição dos Prémios de Edição LER/Booktailors, já tendo em conta os resultados finais anunciados na passada 6.ª-feira na Póvoa de Varzim
(PM)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Depoimento de Nuno Seabra Lopes (Booktailors)

Como estas coisas se perdem um pouco na preguiça de ir ler o conteúdo das caixas, aqui se transcreve o comentário enviado por Nuno Seabra Lopes dos Booktailors em resposta ao anterior post deste blogue, resposta essa que agradecemos e à qual demos já devido feedback na mesma caixa.

"Caro Pedro,

A única coisa que te posso dizer, e daí só a minha palavra te servirá, é que o Francisco José Viegas pediu dispensa de votação na edição deste ano, assim como em todos os casos em que pudesse haver incompatibilidades houve pedidos de dispensa de votação nas respectivas categorias.

Relativamente à proposta de livros, as mesmas são feitas, exclusivamente, pelas editoras, e nesse caso todos os editores são livres de concorrer, o que pessoalmente agradeço.

Relativamente ao voto, posso apenas fazer as contas e dizer-lhe que o Júri, para a votação final, tem 40% dos votos, que divididos pelos 18 membros, dá um total de 2,22% por pessoa. Mesmo que metade do júri não votasse (o que não acontece), cada pessoa teria 4,44% dos votos - o que não permite dar a vitória a ninguém, apesar de ser um contributo dado de sua consciência.

Relativamente à selecção das obras para long list, o poder é maior, mas nunca chega acima dos 6% e apenas permite reduzir a selecção inicial de livros elegíveis.

Devo também recordar que todos os votos são votos de consciência, têm a ver com as opções estéticas de cada um, algo sempre controverso e pessoal - podemos discordar deles, mas nada podemos fazer em relação a isso.

Relativamente aos livreiros, temos também pena que os canais de venda não atribuam a importância que nós gostaríamos, mas não podemos obrigar ninguém a nada, tentamos apenas incentivar para que isso aconteça.

Relativamente ao afastamento do leitor, a revista LER é mensal e a votação pela revista não se torna possível, infelizmente. Também temos tentado outros caminhos, mas estes prémios não são financiados por ninguém e é a Booktailors que suporta todas as despesas, o que não nos permite pensar em outros meios.

Que podíamos fazer melhor, claro que sim, sempre. Mas organizar um prémio destes é já um trabalho tremendo, e é também um processo sempre a melhorar.

Pode parecer apenas «langue du bois», mas acredite que fazemos o que podemos com a nossa dimensão e capacidade. Faço todo o trabalho pessoalmente, a custo do meu tempo, quando podia estar a dedicar-me a algo que pudesse ajudar a pagar a renda - e como bem disseram, não é pela projecção que os prémios têm que saímos beneficiados.

Se faço isto é porque os prémios são um sonho que tenho desde 1999. Julgo que são uma coisa positiva e aceito as falhas, mas sem também que todos têm falhas e eu, particularmente, não me considero fora da normalidade para conseguir transcender e fazer uns prémios isentos de crítica. Apesar disso, de ano para ano, tento aprender e melhorar, e para o ano continuarei nesse percurso.

Tal como no ano passado te disse, aprecio a crítica e tenho usado o que posso para melhorar estes prémios. Com base no que apontas tentarei melhorar um pouco mais (a sessão de entrega na Póvoa de Varzim é um sinal disso, pois descentralizamos e vamos apresentar os vencedores junto do público que se deslocar ao auditório municipal, habitualmente repleto pela população local, como deves saber).

Gostaria, inclusive, de conversar contigo, para discutir as tuas ideias de um modo mais concreto, pois és dos raros que observar atentamente o desenrolar destes prémios e tens ideias com que possas contribuir.

Nuno Seabra Lopes"

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um Prémio a caminho da opacidade

Sobre a primeira edição dos Prémios de Edição LER/Booktailors publiquei já umas reflexões aqui, há quase um ano. Desta feita, como mero observador não-concorrente, posso permitir-me um pouco mais de acutilância nas reflexões sobre a segunda edição dos mesmos, que publicarei no meu próprio blogue.

O gosto que fica destas duas primeiras amostras é o de uma gradual desilusão e de uma oportunidade perdida, particularmente na articulação com as livrarias (local de contacto entre leitores e livros ainda preponderante no nosso país): quem desejar medir a importância dos Prémios através da visita às livrarias mais importantes, mesmo as que ostentam nos seus blogues o selo de "apoio" aos Prémios, fica com a sensação de um não-evento. Nem exemplares dos livros a concurso expostos, nem possibilidade de votação in loco, nem entusiasmo ou conhecimento por parte dos livreiros. Nada.

Reduzindo o blogue "oficial" dos Prémios a uma mera mesa de voto (e única mesa, repito: nem na LER se pode ver as capas dos livros na corrida e votar), e fechando o seu próprio blogue à possibilidade de discussão aberta e dinâmica sobre esta iniciativa – num receio do contacto com a vox populi que me leva a perguntar porque mantêm as caixas de comentários activas –, os Booktailors, certamente de forma involuntária, concorrem para esta opacidade e pseudo-especialização de um Prémio que devia servir de pretexto à comunhão e participação de todos os amantes de livros, situação que não melhora, pelo contrário, com a "institucionalização" do evento pela ligação com a DGLB e o Correntes d'Escritas.

Mais propenso ainda a suspeitas de opacidade, e bem menos inocente, me parece o facto de membros do júri, perfeitamente designados no regulamento (a saber, Francisco José Viegas, como director da revista LER, co-promotora, e o atelier de design RPVM, através do seus dois sócios, empresa que trabalha em conjunto com os Booktailors), estarem na corrida directa e final em, pelo menos, uma categoria (com uma capa de um livro publicado pela Quetzal, editora dirigida por... Francisco José Viegas).

Mas, como escrevi acima, a reflexão fica para mais tarde.
(PM)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A literatura fantástica e o contexto cultural

"Actualmente, O Senhor dos Anéis é, para a grande maioria do público português, apenas um filme excepcionalmente longo, com a espectacularidade de inúmeros efeitos especiais e cenários deslumbrantes. Mérito que se deve atribuir à vasta equipa de técnicos que trabalhou na mega produção, que contou ainda com a participação de críticos e universitários especialistas na obra de Tolkien . Porém, o conhecimento do longo e complexo texto, que esteve na base dessa produção cinematográfica, continua desconhecido de muitos leitores. As razões são várias e, para serem devidamente escalpelizadas, carece-se de um estudo sério sobre a recepção literária, sobre a política cultural(?), sobre a actividade dos chamados “agentes culturais”. O estudo não foi feito até agora.

"A elaboração dos “planos nacionais de leitura” continua a ser realizada no segredo dos gabinetes governamentais, sobre informações cuja fiabilidade se desconhece e cujo objectivo parece ser o de excluir desse plano obras e autores fundamentais da língua portuguesa. Entretanto, opta-se por oferecer produtos fáceis e económicos em termos de produção, por vezes de duvidosa qualidade literária, mas que são facilmente publicitados, beneficiando da exposição pública facultada pelos media. Impera a lógica do instantâneo. O mercado editorial rege-se hoje, mais do que nunca, por objectivos comerciais de retorno rápido ou prejuízo negligenciável, definidos exclusivamente por um marketing pouco transparente . Enquanto agentes culturais com responsabilidades, os editores transformaram-se, em muitos casos, em meros vendedores de livros, sem revisão prévia (que tem como consequência uma gritante falta de qualidade gramatical dos textos), sem avaliação da qualidade literária, explorando à exaustão géneros onde o trigo se mistura com o pujante joio.

"A visita a uma livraria revela prateleiras e escaparates com livros de capas profusamente ilustradas e títulos do tipo: "A Saga dos…", "As Crónicas de…", "A Trilogia…", etc. Espadas, guerreiros, magia, parecem dominar o espaço físico e imaginário. Este fenómeno não é exclusivo de Portugal. A experiência será análoga em livrarias de uma qualquer cidade europeia. Uma explicação simplista é a de que "Portugal acompanha as tendências europeias, está mais hodierno". Outra, ainda menos informada, seria a de que “aquilo é a literatura fantástica”. Primeiro, pelo facto de os livros disponíveis deste género terem "espadas, guerreiros, magia" não significa que a literatura fantástica se esgote em obras destas; segundo, não significa que a literatura fantástica se esgote num formulismo predefinido; e, terceiro, que a literatura fantástica seja necessariamente de leitura simples, rápida e escapista."

Excerto da "Conclusão" de A Simbólica do Espaço em O Senhor dos Anéis de Tolkien de Maria do Rosário Monteiro (em preparação)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Prosa bancária

Duas linhas de texto que representam, na sua simplicidade, todo um sistema financeiro, toda uma era. Podem ser encontradas em qualquer modesto extracto bancário, sejam quais forem os montantes neles descritos, o que prova que a genialidade é também generosa e está, como dizem os que acreditam em Deus, em todas as coisas, sobretudo nas mais pequenas.
Numa linha o leitor incauto encontrará estas palavras: "comissão de manutenção de conta", no fim da qual um certo valor numérico é apresentado como tendo sido, digamos, subtraído às suas posses. Não refeito desse encontro fortuito, o leitor deparará logo com outra linha abaixo, que o informa – com a mesma firmeza e naturalidade com que Moisés comunicou os mandamentos divinos ao seu povo – de que um "selo sobre a comissão de manutenção de conta" foi aplicado (talvez feito de lacre, áulica substância!), sendo que também no final dessa linha um valor se apresenta como debitado.
Os deuses estão, de facto, nas pequenas coisas.
(PM)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ainda 2009



A última Os Meus Livros (Janeiro de 2010), para além das suas escolhas dos "melhores" livros publicados em 2009, quis recordar 9 capas publicadas no ano passado e que, na opinião da equipa, merecem ser lembradas. A escolha é certamente discutível (o número pecará talvez por defeito: houve mais capas memoráveis em 2009), mas, apesar de apontarmos o facto de que a reprodução das capas deveria ser acompanhada do nome da editora e do(s) designer(s) responsáveis, não será por isso que deixaremos de agradecer a simpática inclusão da capa de BURACOS NEGROS de Lázaro Covadlo nesse lote de 9 capas "impossíveis de esquecer".

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

50 anos da morte de um guarda-redes

"Em 1930, Albert Camus era o São Pedro que guardava os portões da baliza da equipa da Universidade de Argel. Tinha-se acostumado a jogar como guarda-redes desde criança, porque esse era o posto em que menos se gastavam os sapatos.
Filho de casa pobre, Camus não podia dar-se ao luxo de correr pelos campos de jogo: todas as noites, a avó fazia uma inspecção às solas dos seus sapatos e dava-lhe uma tareia se as visse gastas.
Durante os seus anos de guarda-redes, Camus aprendeu muitas coisas:
– Aprendi que a bola nunca vem até nós por onde a esperamos. Isso ajudou-me durante a vida, sobretudo nas grandes cidades, onde as pessoas não costumam ser propriamente rectas.
Também aprendeu a ganhar sem se sentir um Deus e a perder sem se sentir lixo, difíceis sabedorias, e aprendeu alguns dos mistérios da alma humana, em cujos labirintos soube penetrar depois, numa perigosa viagem, ao longo da sua obra."
(Eduardo Galeano, FUTEBOL:SOL E SOMBRA)