segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Depoimento de Nuno Seabra Lopes (Booktailors)

Como estas coisas se perdem um pouco na preguiça de ir ler o conteúdo das caixas, aqui se transcreve o comentário enviado por Nuno Seabra Lopes dos Booktailors em resposta ao anterior post deste blogue, resposta essa que agradecemos e à qual demos já devido feedback na mesma caixa.

"Caro Pedro,

A única coisa que te posso dizer, e daí só a minha palavra te servirá, é que o Francisco José Viegas pediu dispensa de votação na edição deste ano, assim como em todos os casos em que pudesse haver incompatibilidades houve pedidos de dispensa de votação nas respectivas categorias.

Relativamente à proposta de livros, as mesmas são feitas, exclusivamente, pelas editoras, e nesse caso todos os editores são livres de concorrer, o que pessoalmente agradeço.

Relativamente ao voto, posso apenas fazer as contas e dizer-lhe que o Júri, para a votação final, tem 40% dos votos, que divididos pelos 18 membros, dá um total de 2,22% por pessoa. Mesmo que metade do júri não votasse (o que não acontece), cada pessoa teria 4,44% dos votos - o que não permite dar a vitória a ninguém, apesar de ser um contributo dado de sua consciência.

Relativamente à selecção das obras para long list, o poder é maior, mas nunca chega acima dos 6% e apenas permite reduzir a selecção inicial de livros elegíveis.

Devo também recordar que todos os votos são votos de consciência, têm a ver com as opções estéticas de cada um, algo sempre controverso e pessoal - podemos discordar deles, mas nada podemos fazer em relação a isso.

Relativamente aos livreiros, temos também pena que os canais de venda não atribuam a importância que nós gostaríamos, mas não podemos obrigar ninguém a nada, tentamos apenas incentivar para que isso aconteça.

Relativamente ao afastamento do leitor, a revista LER é mensal e a votação pela revista não se torna possível, infelizmente. Também temos tentado outros caminhos, mas estes prémios não são financiados por ninguém e é a Booktailors que suporta todas as despesas, o que não nos permite pensar em outros meios.

Que podíamos fazer melhor, claro que sim, sempre. Mas organizar um prémio destes é já um trabalho tremendo, e é também um processo sempre a melhorar.

Pode parecer apenas «langue du bois», mas acredite que fazemos o que podemos com a nossa dimensão e capacidade. Faço todo o trabalho pessoalmente, a custo do meu tempo, quando podia estar a dedicar-me a algo que pudesse ajudar a pagar a renda - e como bem disseram, não é pela projecção que os prémios têm que saímos beneficiados.

Se faço isto é porque os prémios são um sonho que tenho desde 1999. Julgo que são uma coisa positiva e aceito as falhas, mas sem também que todos têm falhas e eu, particularmente, não me considero fora da normalidade para conseguir transcender e fazer uns prémios isentos de crítica. Apesar disso, de ano para ano, tento aprender e melhorar, e para o ano continuarei nesse percurso.

Tal como no ano passado te disse, aprecio a crítica e tenho usado o que posso para melhorar estes prémios. Com base no que apontas tentarei melhorar um pouco mais (a sessão de entrega na Póvoa de Varzim é um sinal disso, pois descentralizamos e vamos apresentar os vencedores junto do público que se deslocar ao auditório municipal, habitualmente repleto pela população local, como deves saber).

Gostaria, inclusive, de conversar contigo, para discutir as tuas ideias de um modo mais concreto, pois és dos raros que observar atentamente o desenrolar destes prémios e tens ideias com que possas contribuir.

Nuno Seabra Lopes"

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