sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Só por aberrante raciocínio"

Da crónica de Vasco Graça Moura no Diário de Notícias de 29.06.11 (e se precisam de explicador ou "diagramas" para perceberem isto, não há Acordo que vos salve...):

"Isto é tanto mais grave quanto é certo que o Acordo Ortográfico não se encontra em vigor. Só por aberrante raciocínio jurídico poderia aceitar-se o contrário, uma vez que o documento não foi ratificado nem por Angola nem por Moçambique, pelo menos. Logo não produz efeitos na ordem interna de nenhum dos oito países subscritores. [...]

Não vale absolutamente nada um protocolo laboriosamente parturejado na CPLP, para forçar os países que não querem acordo nenhum a 'engolirem' o dito, lá porque houve três ratificações.

Esse protocolo também não foi ratificado. E há onze anos que esses países mostram que não querem o acordo. Lembram-se de que, por cá, havia uns responsáveis da Cultura que há uns tempos andavam a anunciar triunfalmente a ratificação iminente dele por Angola e Moçambique? Era já para dali a meia dúzia de dias... [...]

A 'aplicação' do Acordo a que se vem assistindo em Portugal viola nada mais nada menos do que... o próprio Acordo, uma vez que se está a abrir a porta à divergência ortográfica ao abrigo do delirante princípio das facultatividades.

Foge-se à norma por aplicação absolutamente insensível e estúpida da base IV do documento: no Brasil nunca se escreveu aceção, perceção, deceção, receção, espetador, rutura, perentório... Basta consultar um qualquer dicionário brasileiro."

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