" 'O acordo ortográfico é uma nova norma do acordo a que se chegou e é para ser implementado. Vamos prosseguir o trabalho de implementação porque é um caminho sem retorno', disse à agência Lusa Francisco José Viegas." (in Sol, 29.06.11)Aparentemente, os poderes concedidos ao novo Secretário de Estado da Cultura não abrangem a marcha-atrás (nem, pelos vistos, a clareza de discurso: "o acordo ortográfico é uma nova norma do acordo a que se chegou"?). Marcha-atrás para onde, perguntarão. Não muito atrás, apenas a Outubro de 2010. Nesse mês, o Partido Social Democrata (pelo qual Francisco José Viegas foi eleito deputado por Bragança e depois empossado como responsável pelos assuntos culturais do XIX Governo) publicou, através do seu Gabinete de Estudos Nacional, um relatório intitulado Cortar na Despesa, compilado a partir de sugestões apresentadas ao partido e consideradas por este relevantes. Ora é precisamente este termo, "relevante", que se usa na página 16 desse relatório para designar a proposta relacionada com o Acordo Ortográfico:
"Outra proposta relevante foi a rejeição do Acordo Ortográfico, de modo a evitar os custos que a sua aplicação imporá ao sector editorial."
Além do adjectivo, o nome "custos" pareceria, agora, em plena governação sob tutela da "troika", poder funcionar como campainha de alerta para um ponderado regresso ao texto deste relatório e uma meia-volta na senda do "Acordo". Mas parece não ser isso que pensa o Secretário de Estado, o qual, a julgar pelas suas próprias palavras, irá decidir com base em retórica vaga e metendo-se em caminhos "sem retorno". Esperemos que não acabe num beco. Sem saída.
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