O livro de Naomi Klein The Shock Doctrine, que transforma a dialética Keynesianismo-Friedmanianismo num thriller envolvente e explica a essência da vida política e económica mundial dos anos de 1950 ao presente, tem também o poder para transformar a leitura de outros livros à luz da sua teoria. Um desses livros é certamente Chance de Jerzy Kosinski, com o qual o seguinte parágrafo tem paralelos assustadores:
"Even if Pinochet understood little about inflation and interest rates, the technos spoke a language he did understand. Economics for them meant forces of nature that needed to be respected and obeyed because 'to act against nature is counter-productive and self-deceiving' [...]. Pinochet agreed: people, he once wrote, must submit to structure because 'nature shows us basic order and hierarchy are necessary.' [...]"
(Naomi Klein, The Shock Doctrine, 2008, p. 79)
Teria Milton Friedman lido a seguinte resposta do jardineiro Chance a uma pergunta sobre a crise económica e decidido pô-la em prática no Chile (o livro de Kosinki é de 1970)? A hipótese é arrepiante.
"– Num jardim, as coisas crescem... mas antes têm de decair. As árvores têm de perder as folhas para deixar que outras folhas cresçam, e para que elas próprias continuem a crescer mais sólidas, mais fortes e ainda mais altas. Algumas árvores morrem, mas outras mais novas vêm substituí-las. Os jardins precisam de muito cuidado. Mas quem gosta do seu jardim, gosta de trabalhar nele, e não se importa de esperar. E então, na estação certa, verá tudo a florir."
(Jerzy Kosinski, Chance, Livros de Areia, 2006, trad. Pedro Piedade Marques, p. 75-76)
CHANCE
de Jerzy Kosinski
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