sábado, 28 de novembro de 2009

PEC RIP

Tal como na lenda, o monstro parece estar prestes a morrer às mãos do seu criador. O Pagamento Especial por Conta, um dos melhores eufemismos para "roubo à mão armada" de que há memória (apenas igualado pelo recente "orçamento redistributivo"), pode ter, finalmente, os dias contados, se a vontade dos grupos parlamentares na oposição (encabeçados pelo PSD de Manuela Ferreira Leite, a criadora da coisa) passar da fase da "generalidade" para as discussões "específicas". Como o Estado a quem temos pago tantas centenas de Euros "por conta" não parece ter tido qualquer plano de redistribuição desse dinheiro na forma de apoios à edição ou à distribuição (a não ser que "autoestrada" seja sinónimo de política cultural), esta é uma excelente notícia, mesmo para pessimistas como nós que acreditam que em Portugal, e como diria Lavoisier, os monstros não morrem, transformam-se.
(PM)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Descontos radicais



Via A Namorada de Wittgenstein, descubro isto, que desconhecia de todo: edições da Mondadori em que o desconto é tão grande que atinge o título. E eis que quem procurasse 1984 de George Orwell saía com um exemplar de 1388,8... Segundo Maria João Freitas, o desconto extendia-se a títulos não numerários, o que cria um campo de possibilidades verdadeiramente bizarras. (Ou estamos a falar apenas de uma campanha publicitária?...) As coisas que uma editora poderosa consegue nas negociações de direitos...
(PM)

domingo, 15 de novembro de 2009

Vamos rasgar o livro

Há mais de 20 anos, costumava ouvir na Antena 1 um programa chamado O Dois do Quelhas. Ouvia-o apenas por uma razão: uma "rubrica" chamada, se não estou em erro, "Vamos Partir o Disco". Nela, o realizador Paulo Fernando punha a rodar 3 ou 4 faixas de um disco de música portuguesa e atrevia-se a algo que era absolutamente inédito então (e impensável agora, na era das playlists): recorrendo à lógica mais irredutível, analisava as letras de duvidosa qualidade das músicas e concluía, invariavelmente: “este disco é intocável mas, felizmente, não é inquebrável!” E quebrava o disco!
Lembrei-me disto ao ler alguns posts de um/a misterioso/a crítico/a online, que se esconde atrás de uma máscara e usa um chicote de forma certeira, muito ao estilo (perdoar-me-á ele/ela pela associação, mas faço-a como um elogio) do Paulo Fernando. Máscara&Chicote é mesmo o nome da coisa, e vale a pena ler este post sobre alguns dos livros publicados por uma das vanity presses da praça (no caso, do largo...). Pena é que não se possa ouvir, no fim, o som de um livro a ser rasgado.
(PM)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Adiados

Uma vez que se encontram ainda em trabalho de edição, e porque lançar livros à arena livreira de Dezembro nem os Romanos faziam, tanto A Simbólica do Espaço em O Senhor dos Anéis de Tolkien de Maria do Rosário Monteiro (lembramos: o primeiro ensaio sobre a obra-prima da literatura de fantasia escrito e publicado em Portugal) como Fome de Elise Blackwell serão adiados para depois da silly season das Festas e do Ano Novo.

A "lei" de Barnum

A propósito do fenómeno das vanity presses (editoras ou chancelas de editoras que publicam apenas na condição de os autores arcarem com todas as despesas da edição), que deu recentemente uma acesa polémica que pode ser seguida aqui e aqui (e sobre a qual não pretendemos alargar-nos), fica, à consideração e reflexão dos interessados, o excerto de um email vindo de um potencial "autor", que, já publicado anteriormente por uma dessas empresas, sente agora "algumas dificuldades" em publicar a sua restante produção:

"Depois disso escrevi mais seis romances, mas estou a experimentar algumas dificuldades na sua publicação devido à exigência das editoras para que sejam angariados patrocinadores que assumam uma parte das despesas. Por outro lado, também não tenho disponibilidades financeiras que me permitam arcar sózinho [sic] com esse encargo, pelo que estou actualmente em busca de uma editora que não faça depender a edição dessa exigência."

Pondo de parte questões não despiciendas como, por exemplo, a de saber quais são essas editoras (além das que já se sabe serem vanity presses) que exigem a um autor de obras de ficção que angarie patrocinadores(!), é importante que fique claro que, se há empresas de prestação de serviços editoriais que agem desta forma, tornando autores em clientes, isso se deve também à ilusão de milhares de pessoas que "gostam de escrever", "até têm jeito para escrever" ou (pior) já escreveram "uns romances", e que, em troca de 1 ou 2 exemplares impressos (pagos por elas, além do que já pagaram para serem "escolhidas") e de uma ténue esperança de 1 ou 2 semanas de exposição numa "livraria", entregam alguns milhares de euros a pessoas que consideram "editores" e, por associação, passam a considerar o acto de publicar ou ser publicado como uma mera transacção comercial e não como efeito de mérito e produto do esforço intelectual.

P. T. Barnum era empresário do circo e não cientista, mas não deixou de proferir uma das leis "oficiosas" sobre o comportamento humano mais continuamente provadas pela prática que se conhecem: there's one sucker born every minute (houve quem acrescentasse ao adágio: and two to take him), significando que os seus espectáculos (freak shows) de mulheres-barbudas e outras "maravilhas" não teriam qualquer sucesso sem o ingénuo entusiasmo de milhares de crédulos... e a hábil manipulação de sonhos por parte de "empresários" astutos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Critics, please get your insults right!

Um texto brilhante de Rhys Hughes sobre a subtil diferença entre "pretentious", "pompous" e "grandiose". Ao cuidado dos tradutores... e críticos da nossa praça.

Blogue de Emergência

A Saída de Emergência chegou finalmente aos blogues. O deles pode ser consultado aqui.