quarta-feira, 27 de maio de 2009

Etiquetas: a FNAC não está só

Achei algo exagerada, ainda que obviamente justificada (como aqui), a reacção à notícia de que a FNAC passará a devolver os livros aos editores sem antes retirar as etiquetas auto-adesivas com o preço. Quem anda nisto dos livros sabe há muito que outras cadeias, como a Bertrand, o fazem quase sistematicamente, e, pior ainda, que algumas livrarias independentes não são inocentes desta violação da condição física dos livros que recebem gratuitamente dos editores para venda à consignação. Ou seja, a FNAC assume publicamente algo que já é prática corrente. E se, pelo menos, a FNAC pode dizer em seu abono que pagou esses livros (e a horas) em conta firme, outras cadeias e livrarias optam pela descarada mutilação de livros pelos quais nunca pagaram, e que, nestas condições, retornam aos seus produtores desvalorizados, e sem qualquer compensação pecuniária (ou de crédito sobre os principescos 40% de margem sobre a venda) ao editor.

No caso dos livros em formato de bolso ou aproximado, a mutilação chega a ser escandalosa, como podemos ilustrar no exemplo abaixo, em que quase 1/5 da área da contra-capa de DA TRETA de Harry Frankfurt (11 x 17 cm) é ocupada com uma etiqueta (o nome da livraria foi propositadamente ocultado por nós).



Deve-se lembrar aos livreiros que, perante o facto de quase todos (senão todos) os livros publicados actualmente exibirem já um código de barras com o devido ISBN nas contra-capas ou badanas, a etiqueta vê a sua função reduzida à identificação da livraria (algo escusada, pois acreditamos que um comprador saiba em que livraria entrou) e do desconto praticado sobre o PVP. Logo, e como se faz em algumas livraria britânicas e americanas, uma pequena etiqueta de 20 por 7 mm cumpriria perfeitamente a sua função, evitando a invasão da área útil da contra-capa, a redundância do código de barras e os gastos de tempo, álcool e algodão necessários à total remoção dos vestígios de papel e cola (sim, porque a suposta facilidade de descolagem é um mito).
Sobre este assunto, leia-se também estes dois posts no blogue da Frenesi, aqui e aqui.
(PM)

1 comentário:

  1. Plenamente de acordo.

    Posso garantir que nas livrarias onde trabalhei, todas as etiquetas eram retiradas.

    ResponderEliminar